Passos pressionado por todos os lados

Nos últimos dias, os patrões fizeram chegar ao líder do PSD a mensagem de que consideravam fundamental que o diploma entrasse em vigor para respeitar a concertação social.

Desde que Pedro Passos Coelho fez saber que não ajudará o Governo a pôr em prática o diploma que atribuiu um desconto na TSU às empresas que têm trabalhadores com o salário mínimo nacional, que não páram as pressões ao líder do PSD. E vêm de todos os lados.

Agora, a SIC Notícias avança que a UGT pediu um encontro com Passos Coelho para o convencer a mudar de ideias no assunto.

O encontro está marcado para amanhã na sede do PSD e servirá para aquela central sindical expor a Passos os motivos pelos quais entende ser necessário não ficar ao lado do BE e do PCP nesta matéria.

De resto, o deputado do PSD e líder dos TSD (Trabalhadores Sociais-Democratas), Pedro Roque, já tinha admitido ao Público que preferia que o seu partido se abstivesse nas propostas de cessação de vigência que BE e PCP vão apresentar durante a apreciação parlamentar que será feita no dia 3 de fevereiro.

Pedro Roque deixou claro que irá respeitar o sentido de voto da sua bancada, mas as suas declarações são a prova do desconforto da decisão em alguns setores do partido.

De resto, Luís Marques Mendes e Manuela Ferreira Leite não pouparam críticas à decisão de Pedro Passos Coelho.

"Eu já tinha dito que discordava que [o aumento do salário mínimo] fosse conseguido através da TSU. Acho que é uma forma absolutamente errada de conduzir a situação. (…) [Mas] sobre essa matéria o PSD devia estar calado, o máximo que devia fazer era abster-se na votação. [Caso contrário] isto torna-se numa luta política, que é realmente uma característica triste que nós temos neste momento: não conseguimos ver um conjunto de pessoas unidas para resolver os problemas do país", atacou Ferreira Leite.

"Aos olhos das pessoas parece que o PSD de Passos Coelho é um catavento", defendeu Marques Mendes, que considerou "um monumental tiro no pé" a decisão de Passos de ficar ao lado de bloquistas e comunistas neste tema.

Hoje, numa carta aberta publicada no DN, Silva Peneda, antigo presidente do Conselho Social e Económico (CES), juntou-se ao coro que pede a Passos que mude de opinião.

Silva Peneda defende que a posição do líder "fere muito gravemente a identidade do PSD e atenta contra o seu património".

"Ora, é sabido que quando se começa a alienar património, normalmente o que se segue é a falência. Qualquer força política só tem credibilidade se for capaz de se apresentar na base de um conjunto de valores coerentes entre si e que a diferencia de todas as outras", escreve Silva Peneda.