Pedido para ouvir Carlos Costa na gaveta desde 25 de janeiro

O PCP entregou a 25 de janeiro um requerimento para ouvir Carlos Costa e Maria Luís Albuquerque sobre a resolução do BES e as suas consequências para os contribuintes. Mas só agora a Comissão de Orçamento e Finanças decidiu agendar a audição do governador do Banco de Portugal, depois de o próprio Carlos Costa ter…

"Parece-nos estranho que o próprio peça para ser ouvido, sabendo-se que existe um requerimento para o ouvir", comentou o deputado comunista Miguel Tiago, no início da reunião para agendar a audição.

Miguel Tiago mostrou-se, contudo, disponível para "conciliar os seus interesses", o do governador de esclarecer e o do PCP para pedir esclarecimentos, propondo que na audição feita por requerimento dos comunistas Carlos Costa possa tomar a palavra antes mesmo de se iniciarem as rondas de perguntas.

A ideia foi bem recebida pelo PSD, com o deputado Duarte Pacheco, a defender que se trata de uma solução "de equilíbrio". 

"Subscrevemos que se realize uma única audição, que nessa audição se inicie com a intervenção do senhor governador do Banco de Portugal e que o PCP, por ser autor do requerimento, seja o primeiro a fazer perguntas", concordou João Paulo Correia do PS.

Concordando com a audição, o CDS é, contudo, crítico com a forma como a esquerda tem criticado a atuação de Carlos Costa. "Já assistimos com muita preocupação ao processo de partidarização do Banco de Portugal", atacou Cecília Meireles, anunciando que os centristas agendaram para quinta-feira uma interpelação ao Governo sobre a supervisão bancária.

"O governador do Banco de Portugal teve múltiplas oportunidades para esclarecer", afirmou a deputada do BE, Mariana Mortágua, lembrando que o assunto foi objeto de uma Comissão de Inquérito e que Carlos Costa não chegou a prestar esclarecimentos sobre os assuntos que foram expostos pela reportagem da SIC.

De resto, Mortágua não poupa críticas à atuação do governador do Banco de Portugal. "Carlos Costa não tem nenhuma nem competência nem independência do sistema bancário", disse Mariana Mortágua., que recusa a ideia de uma partidarização do tema.

"Não se está  partidarizar", insistiu a bloquista, frisando que "há anos que somos confrontados com falhas graves e muito graves" por parte do governador do Banco de Portugal.