Dirigente do PS exige explicações a Passos sobre entrevista de Cristas

Manuel Pizarro classifica como “surpreendentes” as declarações da líder do CDS, Assunção Cristas, que confessou ao Público que apenas se lembra “vagamente” de Passos Coelho ter “referido” uma vez o problema do BES nos Conselhos de Ministros do anterior Governo.

Dirigente do PS exige explicações a Passos sobre entrevista de Cristas

"É mesmo verdade que numa situação gravíssima, como era aquela que se vivia, o Conselho de Ministros nunca discutiu aprofundadamente a banca?", questiona o presidente da Federação Distrital do PS do Porto, que quer que Pedro Passos Coelho esclareça o assunto o mais rapidamente possível.

"É bom que alguém esclareça isto", pede Manuel Pizarro em declarações ao i, sublinhando que a confirmar-se que os problemas da banca nunca foram alvo de uma análise em Conselho de Ministros "estamos no mínimo perante uma negligência política criminosa".

"Já sabíamos que o anterior Governo tentou varrer para debaixo do tapete os problemas da banca, mas isto explica por que é que herdámos a situação que herdámos", comenta o dirigente socialista, que também não entende as declarações de Assunção Cristas relativamente ao governador o Banco de Portugal.

'CDS devia ter-se oposto a recondução de Carlos Costa'

Pizarro vê também falta de coerência na posição da centrista que revela em entrevista ao Público que o CDS estava contra a recondução de Carlos Costa, mas que acabou por aceitar que se mantivesse à frente do Banco de Portugal.

"O CDS tinha obrigação de se ter oposto à sua nomeação. Partindo do pressuposto que estavam contra não por capricho, mas pela avaliação do desempenho das suas funções, não se entende como puderam aceitar a recondução", argumenta Manuel Pizarro.

Outro motivo de perplexidade para o socialista está na defesa feita por Cristas do seu ex-secretário de Estado dos Assuntos Fiscais numa entrevista na qual a líder do CDS afirma considerar estar provado que "não houve responsabilidades políticas" num caso em relação ao qual o próprio ex-governante centrista assumiu total responsabilidade no Parlamento.

"É preciso lembrar que o Dr. Paulo Núncio já deu três explicações diferentes", aponta Manuel Pizarro, que acha que "ainda há muito por explicar" no caso das offshores, mas que "salta à vista a disparidade de tratamento entre os pequenos contribuintes e aqueles que tinham capacidade financeira para fazer transferências para paraísos fiscais" durante a governação do anterior Governo.

De resto e tendo em conta a experiência profissional de Paulo Núncio como advogado especialista em offshores, Pizarro diz não entender como é que o ex-secretário de Estado "nunca achou relevante olhar para os números" e publicar os dados de transferências para paraísos fiscais.

É que Manuel Pizarro acha que, "ainda que se venha a provar a tese de falha informática, essa falha seria sempre mais facilmente detetada caso tivessem sido publicadas as estatísticas" cuja publicação Paulo Núncio decidiu impedir.