Rodrigo Gonçalves. “A distrital do PSD saneou em 2009, em 2012, e está agora a fazer o mesmo”

O líder interino do PSD/Lisboa acusa a distrital de saneamentos políticos. É “comportamento-padrão”

“No PSD/Lisboa, os que acreditam em soluções diferentes são perseguidos, excluídos e prejudicados. É isto que acontece.” Rodrigo Gonçalves é hoje o presidente interino do PSD/Lisboa, depois da demissão do anterior presidente da concelhia, Mauro Xavier. Defendeu a candidatura de Passos Coelho à Câmara de Lisboa e gostaria de se candidatar à sucessão de Xavier. Pediu eleições internas, mas duvida que aconteçam. É um crítico feroz da distrital de Lisboa. Quanto a Pedro Passos Coelho, duvida que o futuro do PSD passe pelo atual líder. “Espero sinceramente que mude a linha política”, diz ao i.

Quem é Rodrigo Gonçalves?

É um pai de família, um profissional, um homem dedicado, mas acima de tudo um cidadão que gosta de intervir e não se coíbe de o fazer seja em que circunstância for.

Nomeadamente na escolha de candidatos à Câmara de Lisboa…

Estamos num ponto em que já está escolhida a candidata, é uma escolha pessoal de Pedro Passos Coelho, é uma figura forte do PSD, é uma vice-presidente. Qualquer vice-presidente do PSD é um candidato forte. Portanto está escolhida, foi aceite e é uma candidatura que tem obrigação de ganhar a Câmara de Lisboa.

É a sua candidata?

É a minha candidata. Foi escolhida pelo líder do partido, portanto é a minha candidata.

E haverá da parte dos dirigentes da concelhia a mesma dedicação a esta candidatura ‘imposta’ pela direção?

Antes de existir Teresa Leal Coelho, existiu um convite do líder da concelhia a Pedro Santana Lopes. Foi um convite que assumi como meu. Gostaria muito que Pedro Santana Lopes tivesse aceite esse desafio. Tenho a certeza de que estaríamos todos mobilizados para que ele pudesse ganhar. Mas depois disso, e ainda antes de ter sido escolhida Teresa Leal Coelho, enquanto dirigente e militante entendi que deveria ser escolhido um candidato que só poderia ser para vencer.

Foi por isso que desafiou o líder do partido a candidatar-se a Lisboa? 

Esse desafio terá sido mal interpretado por alguns e quero que as pessoas percebam o seguinte. Assunção Cristas, quando avançou com a candidatura pelo CDS-PP para a Câmara de Lisboa, condicionou desde logo uma futura coligação e quebrou o elo de confiança que havia com o PSD e que vinha das legislativas. E o desafio foi feito nesse sentido. Acreditava que Pedro Passos Coelho seria a única hipótese de unir o centro-direita e fazer recuar Assunção Cristas da sua candidatura. Uma vez que seria natural ela aceitar ser a número dois de Passos Coelho, sendo este candidato a Lisboa. 

Mas isso pareceu assim uma coisa surgida do nada…

Errado. Não lancei o desafio porque me apeteceu. Disse-o porque acreditava mesmo nessa solução. E estava sustentado nos números. Pedro Passos Coelho ganhou em 2011 e 2015 as eleições no concelho de Lisboa. Sendo que em 2015 ganhou com quase 38% dos votos [PSD+CDS 37,34%, PS 34,76. Em 2011, PSD 36,16, PS, 26,55 e CDS 14,79], numa época em que o anterior presidente do município era António Costa. Todos os indicadores apontavam para que Pedro Passos Coelho tivesse uma candidatura vencedora em Lisboa. Lembro que muitos também não acreditavam que ele ganharia as legislativas em 2015 e ganhou-as. 

Mas legislativas e autárquicas são eleições diferentes.

Sim, mas deixe-me recordar que há exemplos bem conhecidos de quem passou pela Câmara de Lisboa e veio a ser primeiro-ministro. Como Pedro Santana Lopes e o próprio António Costa. Portanto uma coisa não impedia a outra. Jorge Sampaio saiu de Lisboa para ser eleito Presidente da República. Uma candidatura a Lisboa não é menorizar alguém. Pelo contrário, uma candidatura de Pedro Passos Coelho conseguiria fazer recuar Assunção Cristas e teríamos um candidato fortíssimo, para ganhar.

Pensa que nestas condições de conflitualidade interna no PSD/Lisboa a concelhia estará mobilizada e empenhada na candidatura de Teresa Leal Coelho?

Não posso falar pelos outros. Só posso falar por mim e é nessa condição que o faço. Compete a quem coordena o processo autárquico congregar todas as vontades. Não me compete a mim. Eu como militante e dirigente da concelhia votei favoravelmente o nome de Teresa Leal Coelho. Propus uma moção em que pedia o apoio incondicional a Teresa Leal Coelho. Este será sempre o espírito com que vou para o combate. Apoiar, para ganhar. O candidato escolhido pelo meu partido, pelos dirigentes do meu partido, foi Teresa Leal Coelho. Portanto é essa que vou apoiar.

Acredita que pode ser eleita? Ou será impossível?

Nada é impossível. Estive em duas campanhas eleitorais em que conseguimos tornar o impossível em possível. A estrutura do PSD estava unida e conseguimos levar Pedro Santana Lopes à vitória em Lisboa em 2001. Estive nessa campanha. E em 2005 elegemos Carmona Rodrigues. Também estive nessa campanha. Tornámos o impossível em possível. Na política nada é impossível, tudo é possível. Pedro Passos Coelho escolheu Teresa Leal Coelho e acredito que o fez com a convicção de que ela ganhará a Câmara de Lisboa. Tenho de aceitar essa escolha. Até dia 1 de outubro tenho de estar literalmente ao lado dessa candidatura e a dar o meu melhor. Para que ela consiga o melhor resultado possível e esse só pode ser uma vitória.

Como tem sido a relação, que vai em meia dúzia de anos, com Mauro Xavier, o presidente da concelhia que acaba de se demitir dessas funções? Como vê, enquanto número dois da concelhia, todo este processo?

Em primeiro lugar tenho a melhor das impressões do Mauro Xavier. É um jovem quadro, com imensa qualidade. Num momento em que queremos atrair os melhores para a política, nada melhor do que um quadro destes. Aliás, Mauro Xavier chegou a ser mandatário nacional da candidatura de Pedro Passos Coelho. A minha relação com ele foi sempre muito cordial, de lealdade, de cooperação e de colaboração. O objetivo era o mesmo: fazer crescer Lisboa, trazer a Lisboa conquistas.

E a demissão?

A demissão em si veio criar instabilidade, naturalmente. Mas os motivos são mais do que compreensíveis. Mauro Xavier já disse publicamente quais foram e são perfeitamente aceitáveis. 

Mas não houve mesmo contactos entre a candidatura de Teresa Leal Coelho e Mauro Xavier, enquanto presidente da concelhia de Lisboa?

Segundo disse, e fê-lo em varias reuniões, houve dezenas de chamadas, foram enviados vários emails e inclusive até foi ao parlamento para tentar encontrar-se com a candidata, mas nunca aconteceu qualquer contacto. Claro que acredito nele. Não tenho razões para não acreditar.

A saída de Mauro Xavier criou uma dificuldade ou transformou-se numa motivação para o vice-presidente Rodrigo Gonçalves?

Bem, desde já deixo um ponto prévio: em política os cargos não se herdam, conquistam-se. Portanto, por considerar que era necessário reforçar a estrutura concelhia depois da saída de Mauro Xavier, pedi eleições ao secretário-geral do PSD que me respondeu que não tinha competência para o efeito. Imediatamente a seguir pedi eleições ao presidente de mesa (da assembleia de militantes da concelhia de Lisboa). Mas receio que não se queira essa clarificação até as autárquicas.

Porquê?

Porque até hoje ainda não tive resposta para a marcação das eleições.

Mas ainda faltam cinco meses…

Mas para fazer essa clarificação e depois estarmos todos mobilizados para apoiar Teresa Leal Coelho, quanto mais rápido forem feitas as eleições melhor. E, creio, sinto, que há alguma resistência por parte dos dirigentes.

Mas porquê?

Se calhar por terem receio de que eu ganhe. Porque se houver agora eleições eu serei candidato.

E se não houver eleições?

As estruturas têm de funcionar na mesma. Haverá uma direção de campanha, onde normalmente se integram as estruturas locais do partido.

Onde o Rodrigo estará?

Se for convidado lá estarei, com certeza.

Mas faz sentido não haver nessa fase presidente da concelhia e o vice-presidente não estar nessa direção de campanha?

Teresa Leal Coelho é que tem o papel de escolher aqueles com quem quer trabalhar ou não na direção de campanha. Se me convidar terei todo o gosto em colaborar. Tenho alguma experiência, mas não sei se vou ser convidado. Vou esperar.

Nos últimos dias apareceram notícias de que a candidatura de Teresa Leal Coelho terá tomado decisões que foram consideradas saneamentos. Fala-se, designadamente, do afastamento de um dos cinco presidentes de junta eleitos em Lisboa pelo PSD em 2013 – referimo-nos à Junta de Freguesia das Avenidas Novas – e que por sinal é o seu pai. Diz-se que o nome foi recusado. 

Ainda não aconteceu…

Diz-se também que o próprio Rodrigo Gonçalves poderá ficar fora das listas para a Assembleia Municipal onde tem atualmente assento. Confirma-se?

Considero que estamos, de facto, perante algum saneamento, mas não creio que seja Pedro Passos Coelho a querer sanear politicamente o PSD de Lisboa. Toda esta pressão para empurrar Mauro Xavier para a demissão, a recusa de nomes aprovados pelos núcleos da concelhia – pessoas de grande qualidade, incluindo alguns ex-membros de governos do PSD… Todos os nomes foram recusados. 

Sabe porquê?

Penso que Teresa Leal Coelho considerou existirem nomes melhores, embora essas pessoa estivessem disponíveis para integrarem as listas.

Como lê esta situação?

Repito. Quando se fala em saneamentos, não acredito que sejam responsabilidade de Pedro Passos Coelho. Em 2009, o agora líder protestou de forma muito veemente e mostrou-se indignado por ter sido afastado da lista de deputados – ele e apoiantes. Por isso não creio que hoje pudesse esquecer-se disso e viesse a fazer o mesmo. Não acredito que seja uma iniciativa dele. Quem quer sanear politicamente Lisboa é a distrital. Aliás, há um comportamento padrão que esta distrital, que este grupo que lidera a distrital, tem mantido nos últimos anos. 

Quer concretizar?

Lembro-me, por exemplo, que em 2009, em Oeiras, foram propostos por Helena Lopes da Costa, na altura opositora à distrital, nomes para as juntas de freguesia e todos acabaram rejeitados. Consequência? A maior derrota de sempre do PSD em Oeiras. Depois, em 2013, tivemos o saneamento de Marco Almeida e de grande parte dos seus apoiantes em Sintra. Aliás esses acontecimentos levaram à expulsão de António Capucho do PSD. Marco Almeida foi também afastado do partido, assim como muitas dezenas de militantes. 

Portanto, agora há uma guerra entre a concelhia de Lisboa e a distrital?

Não. O que quero aqui dizer é que há um comportamento padrão desta distrital, que já saneou em 2009, saneou em 2013 e está agora a fazer o mesmo em Lisboa. 

Que conclusão tira como militante e dirigente?

Simples. Hoje, no PSD Lisboa, os que acreditam em soluções diferentes, são perseguidos, excluídos e prejudicados. É isto que acontece.

Apesar disso, o militante Rodrigo Gonçalves vai candidatar-se quando houver eleições para a concelhia?

Vamos ver. Há dois momentos. Pedi agora eleições, para que as mesmas se realizem no prazo estatutário de 30 dias. Se acontecerem sou candidato. Caso contrário logo se vê. Se acontecerem nos próximo 30 dias aí sim, serei candidato.

E como vai ser o pós dia 1 de outubro? Com uma vitória do PSD, com uma derrota do PSD?

Muito sinceramente só espero que o pós dia 1 seja com uma vitória do PSD. Não quero colocar outro cenário neste momento. Porque é com este espírito que quero ajudar a candidatura a Lisboa. E não quero também fazer futurologia. Por cá estaremos, naturalmente. E é exatamente no pós que têm de se tirar as ilações. Se as escolhas foram boas, se foram más. O que é que ganhámos, o que é que perdemos, fazer o balanço, sem tabus. E tentar perceber o que correu mal e o que correu bem e melhorar.

Na imprensa saíram nos últimos tempos algumas notícias que lançam algumas suspeitas sobre os comportamentos de Rodrigo Gonçalves. Fala-se de favorecimentos, de compra de votos, de caciquismo, etc…

Em primeiro lugar não há qualquer notícia relativa a questões de legalidade ou ilegalidade. Essas não existem. Não saiu qualquer notícia a falar de ilegalidades cometidas por mim. Isso é claro. E faço questão de o afirmar aqui. Quanto a suspeitas de caciquismos e amiguismo? Bem, não tinha ideia que isso pudesse ser feito dessa forma. Uma coisa é certa. É estranho que num universo de 3.400 autarquias do país, só falem em duas e às quais mantenho alguma ligação.

Acha que é uma perseguição?

Eu não acho. Tenho a certeza. Tudo isto faz parte de um plano do dito saneamento. Mas não faz mal, cá estamos.

Portanto não há processos judiciais em curso contra si?

Não. Como é público fui absolvido de um único processo que decorreu da minha atividade enquanto autarca. E repito, fui absolvido. Fui julgado por um coletivo de juízes que considerou que eu era inocente. Quanto a isso estamos conversados. Naturalmente que os meus adversários sempre que têm hipóteses chamam à discussão política este tipo de assuntos.

Mas política e processos judiciais não são assim tão incomuns. E com autarcas até são bastante frequentes. Segundo a imprensa, o próprio líder da distrital aparece acusado num caso de alegado financiamento ilícito de partidos. É má vontade contra políticos ou são só tricas para criar ruído e denegrir imagem das pessoas e adversários políticos?

Sobre o presidente da distrital Miguel Pinto Luz, aparentemente são acusações muito graves. Mas apesar das divergências políticas que tenho com ele acredito na sua inocência. Em Portugal temos, de facto, de fazer prevalecer o principio da presunção da inocência e isso deve aplicar-se a todos. No meu partido já muitos foram excluídos por estarem nesta situação. Mas acho que é um mau princípio. Porque a justiça deve ser feita nos tribunais e não nos partidos políticos. Portanto, nunca utilizaria nem utilizarei este tipo de argumentos para dirimir questões de natureza política. Se o fazem em relação a mim, isso fica com quem os pratica.

Voltemos ao ‘aparelhismo’ partidário. É apontado como sendo um homem do aparelho, que controla o partido em Lisboa? Essa imagem não parece favorecer muito a política.

A atividade partidária é nobre. É-o na investigação política, na docência ou no dia-a-dia da vida político-partidária. Quem tem uma licenciatura em ciência política, um mestrado em ciência política ou um MBA em liderança é aqui, na política, que deve trabalhar. E sim, estou a falar de mim. Não sou licenciado em medicina. Caso contrário trabalhava num hospital (embora também pudesse ter atividade partidária). Sou licenciado em ciência política, gosto de fazer o que faço e considero que estou na atividade certa. Na política. 

E o tal aparelho?

Relativamente a essa questão do aparelho, de ser homem do aparelho, esses anátemas são sempre postos de forma depreciativa. Diria que nenhuma instituição funciona sem os seus órgãos, as suas estruturas. Independentemente de que instituição for. Um partido político, uma IPSS, uma fundação. E um partido não é diferente. Tem o seu aparelho e as suas estruturas. 

Mas sente-se ofendido quando dizem que é um homem do aparelho?

Nada. Tenho orgulho em ser militante do PSD. E não considero isso um constrangimento. Acredito é que é necessário alterar o paradigma da política e aproximar os eleitores dos partidos. Isso sim. Cada vez mais acredito que é preciso abrir os partidos à sociedade civil porque há cada vez mais essa imagem de que os aparelhos são a perversão do que são os partidos políticos.

É esse o caminho?

Sim, se nos abrirmos ao exterior, estamos naturalmente a abrir o partido e ao mesmo tempo a credibilizar aquilo que é a atividade de um partido, da política. Que fique claro. No dia em que deixar de defender aquilo em que acredito retiro-me da política. Nunca em circunstância alguma darei esse mau exemplo aos meus filhos. Portanto defenderei sempre aquilo em que acredito. Temos de perceber o afastamento dos cidadãos dos partidos. Veja o exemplo de França. O PS está reduzido a nada. É importante em Portugal antecipar isso e perceber que é preciso aproximar os partidos dos cidadãos. Se isto é ser um homem do aparelho, bem então eu sou um homem do aparelho.

Também é daqueles que anda irritado com as obras de Fernando Medina em Lisboa?

De Fernando Medina tenho poucas coisas para dizer bem enquanto presidente de câmara. Queria que as pessoas percebessem que as obras na cidade a fustigaram naturalmente, que foram uma maçada tremenda para os lisboetas, mas passam… Mas deixo outro alerta: o nível de tributação e de impostos que incidem sobre os lisboetas. É que isso não passa, fica. E para sempre. 

Tem números?

Tenho. Olhe, para os lisboetas terem ideia, em 2016 foram pagos 417 milhões de euros de impostos à câmara municipal. O nível de tributação dos lisboetas aumentou 59% em Lisboa. E quem diz isto é o Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses. Não é o Rodrigo Gonçalves. Neste momento é a segunda autarquia que mais aumentou a carga tributária sobre os cidadãos. A câmara municipal tem no seu orçamento a previsão de cobrar a partir de 178 taxas. Receita e receita e mais receita. 

Mas todos os municípios recorrem às taxas para fazer receita.

Mas o PS tem uma deriva despesista que está no seu ADN e Fernando Medina não foge disso. A câmara tem níveis de endividamento altíssimos. Não tem capacidade para se endividar mais. O Tribunal de Contas recusou recentemente autorização para um empréstimo de 250 milhões euros que Medina pediu para pagar o show off das obras. Quando se fala de Medina, da eficácia socialista isso é um mito. A população de Lisboa passou nos últimos anos de 800 mil para 500 mil habitantes, o que é lamentável.

Isso é só culpa da gestão socialista?

É culpa da tremenda pressão que se está a pôr sobre as atividades económicas, nomeadamente o estímulo ao turismo. Como é feito de forma desregrada, aumenta a especulação imobiliária e obriga os lisboetas a serem empurrados para a periferia. Ou seja, daqui a uns tempos a cidade de Lisboa não será dos lisboetas, será dos turistas. Digo que qualquer dia sou turista em Lisboa. Somos turistas na nossa própria cidade. E este é o caminho que Fernando Medina está a trilhar. 

Mas o turismo é assim tão mau?

Não. Que fique claro. O turismo é positivo. Tem é de haver um equilíbrio nas políticas, como por exemplo no repovoamento da cidade, na tributação dos impostos e taxas cobrados aos lisboetas. 

Passos Coelho está a seguir a linha certa ou errada?

Espero sinceramente que mude a linha política. Que mude para dar esperança aos portugueses e que se apresente de facto como uma alternativa que não seja só crítica e com o desejo de que as coisas corram mal. Há capacidade e massa crítica para isso no PSD. Para que haja uma alternativa e uma esperança para os portugueses.

E ainda pode passar por Passos Coelho?

Não sei se vai passar. Até ao fim tenho de acreditar naquele que é ainda o líder do meu partido. Não posso pôr em causa a liderança. Não é isso que está em causa hoje. Em 2018 é que vai discutir-se a liderança. Quero é que se inverta esta tendência que as sondagens demonstram de afastamento da sociedade. Hoje estamos com níveis de aceitação na ordem dos 26, 27%. Nunca o PSD teve níveis tão baixos de implantação. É isso que me preocupa. Revela que há realmente um afastamento dos portugueses perante a linha política do PSD. E lembro que não são os militantes que votam nas eleições. São os militantes e os eleitores. E isso é que é importante: falar para os militantes, mas também para os eleitores.