Angola. UNITA acusa Marcelo de “dar uma ajudinha ao MPLA”

Raul Danda, candidato a vice-presidente diz ao i que a declaração do presidente português “vai acabar por funcionar como interferência”

A mensagem de felicitações de Marcelo Rebelo de Sousa “ao presidente eleito da República de Angola João Lourenço” caiu muito mal no principal partido da oposição angolano, que diz que o presidente português está “a dar uma ajudinha ao MPLA”, numa altura em que os resultados provisórios adiantados pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE) angolana estão a ser muito contestados.

“Primeiro começa Portugal a declarar o João Lourenço e o MPLA como vencedores, depois outros países vão atrás. É como se estivesse a dar uma ajudinha ao MPLA para fazer passar a ideia que estão a ganhar e está tudo consumado”, disse ao i Raul Danda.

Para o candidato a vice-presidente de Angola pela UNITA, “propositadamente ou não”, o chefe de Estado está a interferir no processo eleitoral angolano: “Estamos convencidos que vai acabar por funcionar como uma interferência”.

A UNITA já reagiu em comunicado, onde apelou à “calma e paciência”, e Danda questiona Marcelo Rebelo de Sousa por não ter tido nenhuma das duas neste caso.

“Ficamos admirados porque reconhecemos no professor Rebelo de Sousa uma pessoa zelosa, uma pessoa cuidadosa, uma pessoa que não faz coisas de forma irrefletida”, afirmou o candidato a vice-presidente ao i.

“Numa altura em que há uma contagem provisória de resultados, em que a UNITA fez um requerimento, que foi aceite, à CNE para que se pare esta publicação de resultados provisórios, porque a forma como está a ser feita é ilegal”, porque razão o chefe de Estado português não aguardou? “Não sei porque é que Portugal corre para se adiantar a dar este resultado que não convence ninguém”, acrescenta.

“Nós que estamos a nos bater por uma contagem definitiva nos marcos da lei, ficamos admirados, quando vem Portugal criar dificuldades aos angolanos. Como é que o professor Rebelo de Sousa vai felicitar um candidato que não é eleito?”.

“Se a contagem provisória fosse feita nos marcos da lei”, diz Raul Danda, ainda se compreenderia, assim “fica sempre o ridículo”. “Amanhã, se se provar que o resultado é diferente, o que é que Portugal vai fazer? Se se provar que houve irregularidades nesta eleição, se a impugnarmos, se ela for repetida, o que é que o professor Rebelo de Sousa faz, volta atrás e diz que agora já não é o Joaquim é o António?”.