Costa sob fogo no PS e Assis defende-o

Socialistas criticam o líder pela forma como geriu politicamente a tragédia dos incêndios. Assis modera críticas ao Governo.

Costa sob fogo no PS e Assis defende-o

António Costa não escapou às críticas dos socialistas pela forma como geriu politicamente os incêndios que levaram à morte de mais de 100 pessoas. «O Governo não foi capaz de perceber a dimensão da tragédia», escreveu, no jornal Público, Helena Roseta. «Ficou aquém do que lhe era exigido», afirmou José Junqueiro. «Tem de agir com cabeça fria, mas também de mostrar que tem coração», disse Ana Gomes.

A estes socialistas juntaram-se outras vozes de indignação com a primeira reação do primeiro-ministro aos incêndios. Costa, no início da semana, além de considerar «infantil» falar na demissão da ministra, garantiu que «situações como esta vão seguramente repetir-se» e que o Governo não tem «varinhas mágicas».

A «frieza», expressão utilizada pelo Presidente da República, do primeiro-ministro criou mal-estar no PS. Francisco Assis, um dos principais críticos internos deste Governo, defende, porém, António Costa das acusações de insensibilidade. «Não tenho nenhum instrumento para andar aí a medir a sensibilidade das pessoas. Acho que se está a exagerar muito nisso e, nesse aspecto, os ataques ao primeiro-ministro são errados e injustos. Não tenho a mais pequena dúvida de que o grau de  sensibilidade do primeiro-ministro é igual ao do Presidente da República e de todos os portugueses», disse, em declarações ao SOL, o eurodeputado do PS.

Assis considera que esta tragédia resultou da «acumulação de erros ao longo de muitos anos, quer na politica florestal, quer na política de combate aos incêndios». Para o eurodeputado socialista, que, no início da semana, disse na Renascença que a reação política  do Governo aos incêndios foi «completamente desastrada», o importante agora é «aproveitar o quadro trágico em que vivemos para procurar alcançar no Parlamento os consensos necessários e o mais alargados possível» para resolver os grandes problemas relacionados com a floresta e a proteção civil.

 

PM pede desculpa no debate mais duro da legislatura

O debate quinzenal, um dia após o discurso de Marcelo com críticas ao Governo, foi dos mais difíceis para António Costa desde que, há dois anos, chegou ao Governo. O_PM_aproveitou para corresponder a alguma das exigências feitas por Belém.  «Não vou fazer jogos de palavras. Se quer ouvir-me pedir desculpa, eu peço desculpa», disse o chefe do Governo, em resposta ao desafio do PSD e depois de o Presidente ter afirmado que «é justificável que se peça desculpa».

O constitucionalista Vital Moreira considera que «o atípico e assertivo discurso presidencial parece marcar o início de um novo ciclo, menos sintonizado, nas relações entre Belém e São Bento». O ex-deputado do PS aconselha o Governo a tomar «em devida consideração as sentidas preocupações do Presidente da República».