Web Summit voltará a Portugal?

Garantida por três anos, será que a Web Summit irá continuar, depois de o seu líder ter pedido desculpas a este Portugal em que ninguém se entende?

Deliberadamente deixei poisar o tema da legionela, mas esta não me deixa poisar a mim. 

Ainda digeríamos todos um surto no Hospital de São Francisco Xavier e já a Casa de Saúde de Mangualde acusava semelhante problema. Em comum, lugares públicos de responsabilidade pública, onde a manutenção falhou. 

Não sei as razões, poderei inferir diversas, mesmo de responsabilidade privada, mas nenhuma abonatória para um Ministério da Saúde que falha onde não pode falhar. Surpresa? Apenas o pedido de desculpas do ministro Adalberto Campos Fernandes, que finalmente – quase uma semana depois – pediu desculpa aos portugueses, dias depois de ter falado num país «com gente pobre e abandonada», nas suas próprias palavras. 

Melhor assim, demonstrando ser um homem vertical, com vergonha na cara. Este pedido de desculpas só abona o seu caráter. Mas a realidade é que houve falhas na manutenção. Em dois lugares, não pode ser coincidência! 

Para já, cinco mortos e mais de 50 infetados. Se fosse um hospital privado, obviamente teria fechado ao fim de horas (e muito bem!). Porque não fechou o S. Francisco Xavier? Como se compreende que tenha continuado aberto, sem garantias inequívocas para os cidadãos de que não haveria mais casos? Ainda registo o silêncio cúmplice do PCP e do Bloco, sempre prontos a culpar a direita por tudo e por nada e agora calados só porque apoiam o Governo? Onde estão os padrões e valores que devem nortear os políticos? Uma tristeza!

A Web Summit tinha de acabar em beleza. Convidaram-se políticos e prestigiados convivas para o Panteão Nacional, divulgou-se a iniciativa aos interessados, mas quando Seixas da Costa a verberou nas redes sociais os sinais de indignação chegaram ao Governo. 

António Costa considerou a iniciativa «indigna», quiçá radiante por zurzir em Passos Coelho! Teve azar e precipitou-se, dada a autorização ter sido dada por diretos subordinados do seu Governo. 

Agora, há que desembrulhar dois problemas. Primeiro, a responsabilidade da autorização. Se a situação foi ‘indigna’, só tem um caminho: a demissão do responsável que a autorizou. Segundo (e talvez o mais grave): qual vai ser a continuidade da Web Summit em Portugal? 

Garantida por três anos, será que irá continuar depois de o seu líder ter pedido desculpas a este Portugal em que ninguém se entende? Em que uns autorizam a utilização de espaços públicos e outros vêm desautorizá-los de imediato? Que raio de país é este onde se vieram meter? Ainda por cima, um país em que os impostos sobre as empresas (IRC) aumentam para níveis dos mais altos na Europa…

Durante a discussão do OGE 2018, Mário Centeno surpreendeu todos com um problema que diversas vezes já aflorei nestas colunas, de forma mais ou menos indireta: a subida da taxa de juro e seus impactos na economia nacional. 
Não posso dar-lhe mais razão! Claro que a prazo as taxas vão subir, e o que me admira é que Centeno não tenha sido coerente, quanto mais prudente, ao continuar a alinhar nestas ideias bloquistas e comunistas de distribuir hoje riqueza, acreditando que a contração de empréstimos internacionais e o crescimento da economia não irão sofrer alterações. 
Os aumentos de custos na Função Pública são ótimos para quem recebe, mas terão forçosamente de se repercutir na generalidade dos contribuintes portugueses, incluindo os próprios beneficiários. 

Mas assim se vão cantando loas ao términos da austeridade, uma falácia tantas vezes repetida que passou a ser lei.

Esta greve dos professores é mais um exemplo da luta entre direitos e o custo desses direitos. Claro que ninguém fala de ‘deveres’, sobretudo da inexistência de avaliações aos professores, nem as reclama, ao invés do que sucede em tantos setores da economia. Alegam-se discriminações entre as diversas categorias do funcionalismo público, o que, sendo verdade, é uma consequência de politicas casuísticas deste Governo — na ânsia de distribuir em função das reivindicações e não em resultado de uma politica estruturada e transversal dentro da Função Pública. Agora, já promete reajustes para anos futuros, ‘empurrando com a barriga’ para quem vier a seguir. Este ministro das Finanças parece ser um ‘aprendiz de feiticeiro’ – e o PCP aproveita todas estas fragilidades, continuando a sua luta contra o Governo bem dentro do Governo!