Síria. Os primeiros doentes críticos abandonam Ghuta Oriental

Centenas de pessoas gravemente doentes esperam autorização de saída do regime.

Quatro pessoas extremamente doentes foram esta quarta-feira retiradas do bairro de Ghuta Oriental, o enclave rebelde nos arredores de Damasco que desde o início da guerra sofreu algumas das maiores atrocidades do conflito e que tem estado sob cerco intermitente pelo regime sírio.

As operações foram levadas a cabo pelo Crescente Vermelho, que esta quarta tinha autorização para transferir cinco pessoas em estado crítico para os hospitais da capital – não se sabe ao certo a razão pela qual apenas quatro pessoas partiram nas carrinhas enviadas aos bairros rebeldes.

No decorrer dos próximos dias devem ser transferidas 29 pessoas para zonas do regime.

A Sociedade Médica Síria e Americana (Sams) afirmava esta quarta que no primeiro grupo de 29 doentes cuja retirada foi permitida pelo regime encontram-se 18 crianças e quatro mulheres com cancro, por exemplo, doenças cardiovasculares ou renais.

A última encarnação do cerco do regime dura há já oito meses e os preços da comida, medicamentos ou combustível em Ghuta Oriental vêm aumentando drasticamente.

Vivem 400 mil pessoas nestes bairros dos arredores da capital síria e entre eles há centenas de pessoas doentes, malnutridas e até em risco de vida.

A abertura desta quarta é escassa, como afirma o Crescente Vermelho, mas é também sinal de negociações entre rebeldes e o regime.

“A operação foi claramente um passo positivo que dará algum alívio às pessoas de Ghuta Oriental, especialmente aquelas que carecem profundamente de tratamento médico”, diz Anastasia Isyuk, porta-voz do Crescente.

Foi contra Ghuta Oriental que as forças do regime sírio dispararam mísseis com gás Sarin, em 2013, matando centenas de adultos e crianças e quase provocando a entrada dos Estados Unidos na guerra. Assad vem desde então controlando estes subúrbios através de cercos e ataques aéreos.

Ghuta é hoje um dos poucos centros vitais rebeldes e é controlado por uma coligação de islamistas que já foram financiados pela Arábia Saudita, a Jaysh al-Islam, que negociou a evacuação de doentes e troca de prisioneiros com Damasco.