A nova composição do Parlamento Europeu

Já está decidida a distribuição dos 73 lugares deixados vagos no Parlamento Europeu depois da saída dos eurodeputados do Reino Unido. Fora da proposta ficou a possibilidade de os utilizar para a criação das listas transnacionais  

O relatório sobre a nova composição do Parlamento Europeu  (PE) para o mandato de 2019 a 2024 foi aprovado na passada quarta-feira. No entanto, fora da proposta ficou a possibilidade de constituir listas transnacionais em 46 dos 73 lugares deixados pelo Brexit.

Pedro Silva Pereira, eurodeputado do PS e um dos redatores da proposta considera que esta teve com objetivo cumprir «o princípio básico de que nenhum estado devia perder lugares e a ideia de que se devia corrigir as injustiças daqueles Estados que estão sub-representados», disse ao SOL.

Para João Ferreira, eurodeputado do PCP, a proposta é «injusta na medida em que prolonga desequilíbrios já existentes nas relações de poder das instituições da União Europeia». «No momento em que há 73 lugares que ficam disponíveis para uma redistribuição», João Ferreira não percebe que Portugal «não ganhe um único deputado» dos que perdeu com os sucessivos alargamentos.

A questão que mais dividiu o hemiciclo foi o ponto que abria a porta à criação das listas transnacionais, e que acabou por ser chumbado. Paulo Rangel, do PSD, Nuno Melo, do CDS, e Marisa Matias, do Bloco de Esquerda,  ficaram contentes com o resultado. «Estamos perante uma vitória enorme para a democracia europeia e para os europeístas» disse ao SOL Paulo Rangel, «porque as listas transnacionais são um instrumento centralista artificial da engenharia quase constitucional metido na construção europeia».

Para Nuno Melo, «este resultado consagrou anos de esforços contra as listas transnacionais». Segundo o centrista, é preciso não esquecer que «Portugal é um estado soberano, não é uma região europeia».

«Creio que até às próximas eleições este debate está encerrado», disse ao SOL Marisa Matias, ressalvando que não acredita que «esteja encerrado para sempre».

Marinho e Pinto, eurodeputado pelo PDR, considera que «não houve a coragem, a audácia, de dar mais um passo que era um passo decisivo no sentido de reforçar a integração europeia». 

«Portugal não é prejudicado ou beneficiado se tiver mais um ou menos um, ou mais dois ou menos dois deputados», afirmou Marinho e Pinto. «Portugal é beneficiado no PE conforme a ação, a coragem, a dignidade e a coerência com que os deputados aqui atuam», acrescentou acusando os deputados de fazerem «espetáculos para a comunicação social».