Socialistas exigem explicações a Manuel Pinho

O silêncio do ex-ministro da Economia está a gerar incómodo no partido. Socialistas rejeitam apelo de Ana Gomes para discutir período de José Sócrates no próximo congresso.

Manuel Pinho, o ex-ministro da Economia de José Sócrates não deu ainda qualquer explicação sobre a suspeita, noticiada há mais de uma semana pelo Observador, de que recebeu  meio milhão de euros  do Grupo Espírito Santo quando era ministro. E o seu silêncio está a gerar incómodo no Partido Socialista.

«O Manuel Pinho é que devia dar explicações», diz ao SOL um dirigente e deputado socialista. Jorge Coelho também defendeu que o ex-ministro tem «obrigação de explicar se é verdade ou não é verdade». Esta é a primeira vez que um ministro é suspeito de receber dinheiro de um grupo privado no exercício de funções e o socialista, no programa Quadratura do Círculo, na SIC, admitiu que o caso é grave. «Acho essa questão tão grave, tão inédita, que eu nem quero acreditar que isto seja verdade. Custa-me a crer que seja assim e, portanto, estou à espera de o ouvir. Todos os dias de manhã tento ver se já há alguma explicação».

Pedro Adão e Silva, ex-dirigente do PS, foi mais longe e considerou que «o PS tem a obrigação de pedir explicações a esse senhor» e que Pinho tem «o dever e a obrigação de prestar declarações». A estratégia de António Costa é distanciar-se o mais possível destes casos que envolvem o período em que Sócrates governou o país. O ex-primeiro-ministro foi preso, em 2014, no mesmo fim de semana em que Costa foi eleito líder do PS. O novo líder do partido apressou-se a escrever aos militantes a pedir para que não confundissem «a ação política do PS» com «sentimentos de solidariedade e amizade pessoais». Pedro Adão e Silva acredita, porém, que «em algum momento o PS tem de dar mais um passo. Não pode só afastar-se. Tem de dizer qualquer coisa». 

Os socialistas, contactados pelo SOL, garantem que ficaram surpreendidos com as revelações feitas sobre Pinho e admitem a gravidade do caso. Ninguém perdeu, por isso, um minuto a defender o ex-ministro de Sócrates. Carlos César, presidente do PS e líder parlamentar, foi o único dirigente a comentar o caso para defender que, se o caso de Pinho realmente aconteceu, é uma situação «incompreensível e lamentável». César falou deste caso no programa de comentário que tem na SIC com Pedro Santana Lopes e não disfarçou o incómodo. «O país tem razões, neste caso como em outros que se comprovem, para se envergonhar com determinadas condutas». 

Carlos César rejeita, porém, que o congresso do PS, que se realiza no final do mês de maio, seja o local certo para discutir o período da governação de José Sócrates. «Não creio que essa questão deva fazer parte do congresso. O PS usa o seu congresso para apurar a sua ideia quanto ao país e quanto às questões que são determinantes para o desenvolvimento económico e social». 

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