Coreia do Norte. Kim resolveu trazer a Rússia para ter mais peso no diálogo

Líder norte-coreano foi convidado a visitar Moscovo. Sergei Lavrov levou convite pessoalmente 

Kim Jong-un está a jogar em todas as frentes do tabuleiro diplomático. Primeiro, a China, seu aliado natural de sempre, agora a Rússia: “Dou grande valor ao facto de o governo de Putin se opor rigorosamente ao domínio dos Estados Unidos”, disse o líder norte-coreano ao ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, que o visitou em Pyongyang.

O elogio de Kim a Vladimir Putin e a presença do chefe da diplomacia russa é um sinal de que a Coreia do Norte procura trazer para o seu lado China e Rússia para ganhar peso nas negociações com os EUA que poderão vir mesmo a acontecer a 12 de junho em Singapura.

O chefe da diplomacia do Kremlin levou um sinal de que Putin está mesmo interessado em participar no jogo diplomático, um gesto em forma de convite: “Venha à Rússia. Ficaremos muito contentes por recebê-lo”. Lavrov aproveitou para o dizer quando as televisões filmavam o início da conversa com o líder norte-coreano.

O governo russo já expressara o seu desejo de que a cimeira de 12 de junho, em Singapura, entre Kim e Donald Trump decorra da melhor forma, ontem Lavrov voltou a destacá-lo: “Isto permitirá a concretização não só a desnuclearização de toda a península da Coreia, como também proporcionará uma paz sustentável e estabilidade em todo o nordeste asiático”.
O momento da visita de Lavrov a Pyongyang, a primeira do ministro desde 2009, foi escolhido a dedo para coincidir com a presença do vice-presidente norte-coreano, Kim Yong-chol, em Nova Iorque. A visita do braço direito do líder norte-coreano é mais uma conquista de Kim nesta nova era de relações diplomáticas com os EUA. Que o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, receba oficialmente alguém que até há  bem pouco tempo estava na lista negra tem peso simbólico.

O general, o mais importante dirigente da Coreia do Norte a visitar os EUA em 20 anos, é portador de uma carta de Kim Jong-un para Donald Trump, de acordo com Pompeo, que ontem jantou com Kim Yong-chol num edifício junto à sede das Nações Unidas e hoje se voltou a encontrar com ele para uma reunião mais formal..