Sporting. Pós-Jesus, novas rescisões, AG confirmada e uma direção (por enquanto) inarredável

SAD leonina já estuda os possíveis sucessores de Jorge Jesus, técnico que segue para Riade. Dentro de campo, Acuña vai ser o próximo jogador a avançar com o pedido de rescisão. Fora das quatro linhas intensificam-se as manifestações contra BdC num dia em que Marta Soares confirmou AG para dia 23 de junho

Fim da linha para Jorge Jesus no Sporting. Por volta das sete horas da manhã desta terça-feira, o treinador português esteve no aeroporto de Lisboa para apanhar um voo com destino a Zurique, na Suíça, ponto de encontro combinado entre o técnico e os dirigentes do clube Al-Hilal para ultimar os pormenores da sua transferência para o clube da Arábia Saudita.

Com tudo definido para deixar o emblema de Alvalade por mútuo acordo, Jesus deixou Portugal acompanhado do seu advogado para acertar os termos do contrato que vai assinar – válido por um ano (mais um de opção) à razão de 7 milhões de euros anuais, livres de impostos, e ainda a possibilidade de prémios na ordem dos dois milhões de euros mediante objetivos.

Por esta altura, o treinador português já deve estar em contagem decrescente para rumar a Riade, onde deverá brevemente ser oficializado e apresentado como o novo treinador do conjunto saudita. Em simultâneo, também o acordo para a sua saída do Sporting – clube ao qual estava vinculado até 2019 – deverá estar oficialmente assinado, passo que Jorge Jesus só iria tomar após fechar o contrato com a formação do Médio Oriente. Recorde-se que o treinador e a SAD do conjunto verde-e-branco se reuniram no passado domingo para levar a cabo a rescisão contratual do técnico, de forma amigável, processo que iliba as duas partes de ter de pagar qualquer indemnização.

Ao fim de três anos no comando técnico do Sporting, clube onde aterrou em julho de 2015, Jorge Jesus despede-se dos leões com dois troféus conquistados, a Taça da Liga (2017/18) e a Supertaça de Portugal (2015/16).

Mais: aos 63 anos, o técnico português vai rumar à sua primeira experiência além-fronteiras. Após orientar oito clubes portugueses (Estrela da Amadora, onde teve a sua estreia como técnico principal, Vitória SC, Moreirense, UD Leiria, Belenenses, Braga, Benfica e Sporting), Jesus aventura-se, por fim, fora de território português.

Os possíveis sucessores Nos últimos dias, a SAD leonina tem vindo a debruçar-se sobre os possíveis sucessores de Jorge Jesus no comando técnico da equipa principal de futebol do Sporting. O nome de Ricardo Sá Pinto parece gerar consenso em Alvalade, sendo o ex-jogador e treinador do conjunto verde-e-branco o preferido da direção para render JJ no cargo de treinador. Porém, as negociações para perceber a real viabilidade de um possível regresso só ficarão agora a ser conhecidas, já que o técnico que esta época conquistou a Taça belga ao serviço do Standard de Liège sempre se mostrou indisponível enquanto o assunto Sporting-Jorge Jesus não estivesse oficialmente resolvido. Além de Sá Pinto, a direção verde-e-branca tem vários nomes em carteira. De acordo com a imprensa nacional desportiva, Daniel Ramos, treinador que levou o Marítimo – emblema com quem tem contrato até 2019 – ao 7.o lugar do campeonato português, faz parte do leque de possíveis candidatos ao cargo agora vago. Além destes dois nomes portugueses, Luiz Felipe Scolari, como o i já tinha noticiado, continua a ser uma das opções em cima da mesa. Recorde-se que o Sporting chegou a demonstrar interesse em Pedro Martins e Miguel Cardoso. O ex-treinador do Vitória de Guimarães já foi, porém, apresentado aos gregos do Olympiacos no passado mês de maio, enquanto Miguel Cardoso, que fez uma época brilhante ao ter levado o Rio Ave ao top-5 da Liga portuguesa (com o quinto lugar), é cada vez mais certo nos franceses do Nantes. O orientador português esteve inclusivamente esta segunda-feira em França para se reunir com o presidente Waldemar Kita e a contratação do técnico dos vilacondenses pode estar muito perto de se concretizar.

Rescisões, indignação contra BdC e AG confirmada Marcos Acuña vai ser o terceiro jogador dos leões a apresentar a carta com o pedido de rescisão. O desejo já conhecido do argentino vai chegar à SAD do Sporting ainda durante esta semana, avançou ontem “A Bola”. Depois do guardião Rui Patrício e do extremo Daniel Podence, Acuña está muito perto de se desvincular dos leões. De notar que o médio foi um dos jogadores mais visados pelas claques, tendo sido ameaçado por adeptos após o jogo dos leões com o Marítimo, na Madeira. Depois das agressões em Alcochete, em que voltou a ser um dos alvos principais da ira dos agressores, a mulher do argentino chegou a revelar que o médio recebia mensagens ameaçadoras. De resto, desde o ataque à academia que o atleta defende que não estão reunidas as condições de segurança necessárias, para si e para a sua família, para continuar a jogar em Alvalade.

Ainda durante o dia de ontem, na sequência da manifestação realizada na segunda-feira contra o presidente leonino, Bruno de Carvalho, os sócios voltaram a mostrar a sua indignação perante o conselho diretivo em funções.

Um grupo de associados do clube requereu à comissão de fiscalização, nomeada pelo presidente demissionário da mesa da assembleia-geral do Sporting, Jaime Marta Soares, que instaure um processo disciplinar ao conselho diretivo, liderado por Bruno de Carvalho.

“Estamos perante o mais grave ataque à instituição Sporting Clube de Portugal, a mais grave violação de sempre dos estatutos do clube e o maior ataque de sempre aos sócios do Sporting”, pode ler-se no comunicado. Ao final da tarde, em conferência de imprensa, Marta Soares confirmou a convocatória para a realização de uma assembleia-geral extraordinária no próximo dia 23 de junho, no Altice Arena, em Lisboa.

A AG, recorde-se, visa a destituição da direção liderada por BdC. “É hora de dar voz aos sócios”, declarou o presidente demissionário, lembrando que o que está a acontecer no clube é um “autêntico golpe de Estado” que, “por ser tão fora dos regulamentos e estatutos, [é] de uma ilegalidade grave.”