Rússia matém militares na Síria enquanto for do seu interesse

Na sessão anual televisiva de respostas aos cidadãos, Putin negou interferência russa nas eleições dos EUA e ser ameaça ao Ocidente 

O presidente da Rússia disse ontem que os militares russos vão permanecer na Síria, onde apoiam o regime de Bashar al-Assad, enquanto for “do interesse da Rússia”. Durante a tradicional sessão de perguntas dos cidadãos transmitida pela televisão, Vladimir Putin classificou como “piada” a alegada interferência nas eleições presidenciais dos EUA em 2016, destacou a recuperação económica do país e falou sobre o impacto de um conflito mundial, negando ser uma ameaça ao Ocidente.  

“As grandes operações militares, incluindo as que tiveram participação das nossas forças armadas, terminaram. Os nossos militares estão lá para garantir os interesses da Rússia naquela região de importância decisiva. E vão continuar a estar enquanto for do interesse da Rússia e enquanto cumprimos as nossas obrigações internacionais”, começou por dizer Vladimir Putin. “Não prevemos uma retirada das forças neste momento”, acrescentou.

O presidente russo defendeu ainda que a presença russa na Síria é “um instrumento único de treino e aperfeiçoamento” das forças armadas, incomparavelmente mais útil que qualquer exercício militar. O número exato de militares russos na Síria é desconhecido, sabendo-se apenas o número que votou nas presidenciais russas a 18 de março: 2.954 pessoas.

Numa resposta a uma pergunta sobre uma eventual terceira guerra mundial, Putin afirmou que a perspetiva nuclear a afasta. “O entendimento de que uma terceira guerra poderia ser o fim da civilização deveria imepdir-nos de adotar medidas extremas na arena internacional, que são altamente perigosas para a civilização moderna”, afirmou. 

O chefe de Estado russo considerou também que o Ocidente “vê erradamente” a Rússia como uma ameaça, mas que isso pode acabar quando perceber que as sanções económicas não servem os interesses dos países ocidentais. A Rússia é alvo de sanções europeias e dos EUA devido à anexação da Crimeia, em 2014, e o apoio aos separatistas da Ucrânia. “Esta pressão vai acabar quando os nossos parceiros se convencerem de que os métodos que usam são ineficazes, contraproducentes e prejudiciais para todos”, disse. 

Recuperação Vladimir Putin abordou, noutro passo da emissão televisiva de várias horas, o facto de que o Produto Interno Bruto da Rússia é atualmente 1,5% maior do que há um ano. O líder do Kremlin considerou o número   modesto, mas afirmou estar confiante de que o “crescimento futuro está garantido”. “Entramos numa trajetória de crescimento económico sustentável”, disse Putin, que acrescentou que a economia recuperou da recessão que durou anos devido às sanções económicas e a uma queda nos preços do petróleo. 

A Campeonato do Mundo de futebol, principal evento deportivo do ano, que começa a 14 de junho na Rússia. também foi tema no programa. Putin afirmou que o torneio e a infraestrutura precisam de ser um legado, e que os estádios desempenham um papel fundamental para isso. “É imperativo que toda essa infraestrutura funcione para o desenvolvimento em grande escala do desporto, incluindo o desporto infantil”, afirmou.