CIP: “Governo deve olhar para as empresas como motores da economia”

Menos IRC, menos taxas e mais estabilidade fiscal são algumas das medidas defendidas pela CIP para serem contempladas no próximo OE

Promover o investimento, fomentar condições de capitalização e financiamento, adequar o mercado de trabalho e melhorar o ambiente de negócios foram os quatros eixos apresentados ontem pela Confederação Empresarial Portuguesa (CIP) e que estão assentes nas 50 propostas que a entidade liderada por António Saraiva quer ver incluídas no próximo Orçamento de Estado (OE). A ideia, segundo a confederação, é discriminar positivamente as empresas que apostem na inovação, capitalização e qualificação dos recursos humanos. 

António Saraiva, presidente da CIP, deixou clara a necessidade de começar olhar para as empresas como motores da economia e não apenas como “meras fontes de receitas”, defendendo que são necessárias bases mais sustentáveis e duradouras, para que tal aconteça.

No que diz respeito ao mercado de trabalho, a confederação acredita que a economia precisa de dar alguns estímulos à educação e, como tal, propõe que uma parcela da Taxa Social Única (TSU) seja utilizada para financiamento da formação profissional e ressalva a necessidade crescimento das empresas e da produtividade. 

Quanto ao investimento, a CIP quer uma taxa reduzida de IRC para as PME, o aprofundamento do regime de dedução de lucros retidos e reinvestidos “por forma a estimular o investimento”. De acordo com Pedro Capucho, diretor coordenador de assuntos económicos da CIP, estas medidas surgem como condição indispensável para a inovação e diferenciação dos produtos bem como para a conquista de outros mercados.
A confederação defende ainda que as empresas tenham acesso a capital e, como tal, defende incentivos à retenção de lucros e uma lufada de ar fresco no programa Capitalizar. 

Mas as ideias não ficam por aqui. Para um mercado de trabalho ativo, a CIP alerta para a urgência de pagamentos em atraso por parte de todas as entidades públicas, justiça económica e redução dos custos de contexto. Para António Saraiva é necessário que o país seja “mais competitivo e produtivo, mais justo e sustentável, mais realista e menos demagógico”. E deixou um recado: “sem produtividade não haverá criação de riqueza”. 

Governo Otimista

A descida do do preço na eletricidade e o aumento do salário mínimo são alguns dos exemplos apontados pelo ministro da Economia que estão a contribuir para o aumento das exportações, o que, no entender de Caldeira Cabral, representa um importante gerador de quota de mercado. Os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) apontam para um crescimento de 13% das exportações. 

No entanto, o governante admitiu que ainda há muito trabalho pela frente no que diz respeito ao crescimento da economia, mas garantiu que essa já é umas das preocupações do Executivo durante a elaboração do OE 2019.
Ainda esta segunda-feira, o primeiro-ministro afirmou que não antevê grandes dificuldades na elaboração do Orçamento do Estado, garantindo que está tudo a decorrer de forma serena. “Há mais experiência negocial”, acrescentando que o documento será “seguramente melhorado e aprovado.

Menos otimista está Vítor Bento ao garantir que a taxa de crescimento de Portugal vai “inevitavelmente desacelerar” por falta de recursos e de investimento, uma vez que o país “não tem base de suporte para uma taxa de crescimento sustentável”.

O responsável mostrou-se preocupado com o facto de Portugal não estar a realizar poupança. “O investimento acaba por ser suportado com poupança externa, criando vulnerabilidade”, disse.