Bastonária dos Enfermeiros diz que não há “capacidade para reprogramar” cirurgias

O secretário de Estado Adjunto e da Saúde já reagiu dizendo que as declarações “não correspondem a uma análise factual” e que as cirurgias serão “naturalmente reprogramadas na primeira oportunidade”

Bastonária dos Enfermeiros diz que não há “capacidade para reprogramar” cirurgias

“Toda a gente percebe que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) não vai ter capacidade para reprogramar nos próximos anos” as cirurgias canceladas no âmbito da greve dos enfermeiros em blocos operatórios, disse, esta terça-feira, a bastonária dos Enfermeiros.

Ana Rita Cavaco reforça que estão em causa “milhares de cirurgias adiadas nos blocos operatórios dos cinco hospitais aderentes à greve cirúrgica e nem uma palavra sobre o assunto”, quer por parte do governo, quer por parte dos partidos políticos, criticou.

A greve dos enfermeiros começou na passada quinta-feira e dura até 31 de dezembro. Segundo a Ordem dos Enfermeiros estarão a ser canceladas ou adiadas cerca de 500 cirurgias por dia.

A bastonária critica o Ministério da Saúde por estar “completamente capturado pelo Ministério da Finanças” e acrescenta que a proposta apresentada pelo governo ao sindicato não é uma proposta de saúde. “Esta proposta, na verdade, é da equipa das Finanças, que teima em não ter sensibilidade nenhuma para perceber que se a Ordem atribui um título de especialista, essa categoria tem de estar numa carreira. Não podemos continuar a ter enfermeiros sem carreira (…). [A equipa do Ministério da Saúde] está completamente de mãos e pés atados. Não basta mudar de ministro. Se a obsessão pelo défice zero continuar na mesma, não há proposta que se consiga fazer e chegar a consensos. Hoje não temos Ministério da Saúde”, afirma.

O secretário de Estado Adjunto e da Saúde diz que as declarações da bastonária “não correspondem a uma análise factual” acrescentando que o governo entregou uma proposta que vai ao encontro das aspirações dos sindicatos. Francisco Ramos disse ainda que as cirurgias canceladas ou adiadas serão “naturalmente reprogramadas na primeira oportunidade, preferencialmente no SNS”.

O governante reforçou a intenção do governo de chegar a um acordo com os sindicatos. “Sabemos que os enfermeiros são uma profissão responsável e farão todos os possíveis para resolver a questão e minimizar as consequências para os portugueses”, acrescentou.