“É uma indignidade a Europa querer discutir a sua capacidade para acolher refugiados”

O primeiro-ministro defende que os países da União Europeia têm o dever de acolher os refugiados

António Costa criticou na última quarta-feira os países da União Europeia que reclamam e protestam contra a ideia de acolher refugiados.

"Quando nós – que vivemos no continente e na região do continente mais rica e que mais oportunidades tem dado aos seres humanos para se desenvolverem, que é a União Europeia — ouvimos vozes reclamando e protestando contra a ideia de que a Europa tem o dever de acolher estes seres humanos, não podemos deixar de nos sentir chocados e revoltados", começou por dizer o primeiro-ministro, durante a inauguração do terceiro e o maior Centro de Acolhimento de Refugiados do país, em São João da Talha, Loures.

"É uma indignidade a Europa querer discutir a sua capacidade para acolher refugiados – convém não esquecer que só a Jordânia acolhe tantos refugiados como o conjunto dos 28 Estados membros da União Europeia", acrescentou.

Para Costa, "quando 28 Estados, com o nível de desenvolvimento que a União Europeia tem, se permitem discutir se têm ou não têm capacidade de acolher refugiados, isso significa que o valor da dignidade da pessoa humana está efetivamente em causa".

"Não temos o direito sequer de discutir se temos ou não temos capacidade quando vemos outros países, muito mais pobres que o conjunto da União Europeia, mais pequenos que o conjunto da União Europeia, estarem a assumir uma responsabilidade muito superior àquela que estamos a assumir", defendeu.

O primeiro-ministro elogiou Portugal e o trabalho, não só do seu Executivo, como também dos anteriores relativamente a este tema.

"É por isso que tenho muito orgulho em que em Portugal tenha existido repetidamente um consenso político muito alargado quanto às políticas de migrações em geral e, em especial, quanto à política de refugiados a que, Governo após Governo, tem sido possível dar continuidade sem abrir fissuras nem dar lugar ao oportunismo populista que hoje parece estar muito em voga em algumas zonas do mundo", rematou.