O primeiro-ministro anunciou esta terça-feira à noite que o governo pretende denunciar às "autoridades judiciárias" a atuação da bastonária dos enfermeiros Ana Rita Cavaco, que entende estar a violar a lei das ordens profissionais, legislação que impede as associações públicas profissionais de exercerem ou de participarem em atividades de natureza sindical.
{relacionados}
Em causa está ao apoio que tem sido dado pela bastonária à greve cirúrgica dos enfermeiros, que António Costa já declarou ilegal e selvagem. Esta terça-feira já tinha ficado marcada por um inédito corte institucional nas relações entre o ministério e a Ordem. O facto de ter sido anunciado pelo Secretário de Estado Francisco Ramos e de Marta Temido não se ter pronunciado deixara alguma incerteza sobre tratar-se ou não de uma decisão concertada no governo, algo que a tutela não quis esclarecer. Em entrevista à SIC esta noite, António Costa acusou o mal estar e fez questão de separar a atuação da bastonária e de "certos sindicatos" do diálogo com os enfermeiros. "Não queremos uma escalada de tensão, mas iremos agir com a firmeza necessária e com a justiça devida", disse o primeiro-ministro.
Sobre o cenário de requisição civil para fazer face à greve dos enfermeiros, que já tinha sido admitido pelo gabinete da ministra da Saúde, António Costa disse que o mesmo ainda se encontra em análise, reiterando que serão utilizados "todos os meios legais possíveis e necessários" para travar o impacto da greve cirúrgica, que classificou de cruel. Já quanto à exigência dos sindicatos de aumento do salário-base inicial de 1201 euros para 1600 euros, Costa tornou a declarar que ceder a essa reivindicação não seria comportável.