Marcelo reduz ataque de Rio a um ‘não caso’

Rio atacou as ‘famílias’ no Governo socialista e… Marcelo respondeu-lhe. É a ‘gota de água’ para a direção do PSD. Em ano eleitoral, o PR não pode imiscuir-se nas disputas partidárias. Marcelo tem de saber estar calado, dizem os dirigentes sociais-democratas. 

Marcelo Rebelo de Sousa provocou incómodo, e até indignação, junto da direção do PSD, ao vir a público considerar um «não caso» a existência de vários ministros com relações familiares muito próximas no Governo de António Costa.
Para os sociais-democratas, o Presidente da República não deve nem pode imiscuir-se no debate partidário, muito menos num ano eleitoral como este, a escassos meses de eleições europeias e a pouco mais de meio ano das legislativas.
Recorde-se que, na sequência da nomeação por António Costa de Mariana Vieira da Silva para ministra da Presidência e da Modernização Administrativa, o líder do PSD veio criticar o «afunilamento» das escolhas do primeiro-ministro para o seu Executivo: «Pela primeira vez na História de Portugal senta-se marido e mulher e agora pai e filha no Conselho de Ministros».

Rui Rio referia-se a Eduardo Cabrita (ministro da Administração Interna) e Ana Paula Vitorino (ministra do Mar), que são marido e mulher, e ao recordista de tempo de Governo desde o 25 de Abril (a par de Augusto Santos Silva), Vieira da Silva (ministro do Trabalho, Solidariedade e da Segurança Social), pai da recém-empossada ministra da Presidência.
E mesmo antes de António Costa ou de algum dirigente do PS reagir às críticas do líder do PSD, foi o Presidente Marcelo quem, instado pelos jornalistas, anuiu em comentar e responder, esvaziando o tema. Disse Marcelo: «A escolha que foi proposta pelo primeiro-ministro e aceite pelo Presidente da República foi sempre baseada no reconhecimento das pessoas». Marcelo salientou: «A situação é a mesma desde que tomei posse, já vinha do meu antecessor». E concluiu: «É um não caso».

O SOL falou com vários membros da Comissão Política de Rui Rio e nenhum deles quis comentar o mal-estar no partido com estas declarações de Marcelo – de David Justino a Salvador Malheiro, passando por Isabel Meireles ou José Silvano.
Mas o SOL apurou que o mal-estar é evidente e que Rui Rio não deixará de responder a Marcelo – «quando e como o entender dever fazer, e não será meigo», nas palavras de um colaborador do líder social-democrata –, se o Presidente voltar a intrometer-se em questões que a direção laranja considera serem próprias e exclusivas do debate político e do confronto partidário.

«Em ano eleitoral, o Presidente deve obrigar-se a uma conduta de contenção e jamais intrometer-se na campanha eleitoral ou pré-eleitoral», acrescentou a mesma fonte.