Governo. Poiares Maduro diz que existem conflitos interesses

Pressão de ex-governante e do PSD aumenta por causa de laços de família no Executivo. Rangel defendeu que Marcelo deveria fazer alerta

Os laços familiares no Executivo socialista ainda dão que falar e o PSD parece não estar disposto a arrumar o assunto. Primeiro, foi o eurodeputado e cabeça de lista às Europeias de 26 de maio, a defender que o caso “não é salutar para a Democracia” e que o Presidente da República “devia ter advertido o primeiro-ministro de que não deveria fazer isso”. O recado a Marcelo Rebelo de Sousa estava dado numa entrevista à Lusa dada por Paulo Rangel este fim de semana.
Porém, também o antigo ministro adjunto de Passos Coelho, Miguel Poiares Maduro, não parece querer deixar cair a polémica. Mais, introduz-lhe um dado novo: o potencial conflito de interesses quando se vota uma proposta em conselho de ministros e a medida é apresentada por um familiar.
“Um governo não é um conjunto de ministros, é um órgão colegial que tem de tomar decisões colegiais, as propostas de lei são aprovadas colegialmente, ora um membro familiar está sempre numa situação difícil numa avaliação de uma proposta apresentada por outro. Isso é por definição um conflito de interesses. E esta questão que ninguém parece ter suscitado, no meu ponto de vista, existe no atual Governo”, declarou o ex-ministro numa entrevista ao Jornal de Negócios e Antena 1. Poiares Maduro, recorde-se, é o último da lista do PSD às Europeias e aceitou o lugar, não elegível, por solidariedade com a equipa social-democrata.
Na referida entrevista, Poiares Maduro insiste que “temos membros do Governo que vão estar a avaliar propostas do marido ou da filha, e isso não me parece aceitável”, numa crítica e referência clara à promoção da  secretária de Estado Adjunta, Mariana Vieira da Silva, a ministra da Presidência. A governante é filha do ministro da Segurança Social, José Vieira da Silva, e já estava na equipa desde o início do mandato do Governo, tal como o pai.
Por seu turno, Paulo Rangel acrescentou que se fosse aplicado o Código de Procedimento Administrativo nas reuniões de quinta-feira, o caso levaria a “impedimentos sistemáticos de votações” nas reuniões do Conselho de Ministros.