Cavaco Silva. “Prática de jobs for the boys é muito negativa”

PSD não perdoa a Marcelo posição menos feliz no caso das famílias e espera desgaste do Executivo

O ex-Presidente da República Cavaco Silva decidiu ontem comparecer à apresentação do livro A Reforma das Finanças Públicas em Portugal, de Joaquim Miranda Sarmento, porta-voz do conselho estratégico nacional do PSD, para falar do país e da mais recente polémica sobre os laços de família no Governo. 

Na sua intervenção, Cavaco Silva considerou “a prática de jobs for the boys” como “muito negativa”. Já em 2017, no último livro que escreveu, Cavaco Silva classificou este tipo de procedimentos como “indecorosos”. 

O PSD tem contestado a atitude do Governo nas escolhas de pessoas com laços de família com membros do Executivo, e, de acordo com informações recolhidas pelo i, está apostado no desgaste do mesmo.

 Ontem, o líder do PSD, Rui Rio, afiançou que “uma, duas ou três” demissões no Governo não alteram o quadro geral do Executivo, que “ultrapassou os limites”. Apesar de se ter cingido às críticas contra o Governo, o PSD introduziu um dado novo no debate: o papel do Presidente da República. Marcelo Rebelo de Sousa chegou a defender que “família de Presidente não é Presidente”, dando claros sinais ao Governo de que não aceitará dar posse a mais membros da mesma família. 

Por seu turno, o cabeça-de-lista às europeias, Paulo Rangel, chegou a defender há duas semanas, numa entrevista à Lusa, que Marcelo Rebelo de Sousa deveria ter sido mais interventivo neste processo. Mas não foi acompanhado pela direção do PSD nem quis acrescentar mais nada. Ontem, a estratégia social-democrata parece ter mudado. O vice–presidente do PSD David Justino considerou que “o senhor Presidente da República teve uma intervenção menos feliz no que diz respeito a esta matéria”, citado pela TSF.

No PSD, a deputada Paula Teixeira da Cruz (que não é alinhada com a direção) escreveu ainda no Público um artigo de opinião onde não poupa o Presidente: “Em dias de espuma, é bem mais fácil abraçar, tirar umas quantas selfies, do que fiscalizar com o total conhecimento dos dossiês e a reserva que o cargo impõe (promulgar diplomas em horas?). Ser Presidente não é ser o alfa e o ómega da popularidade: é pôr o país à frente”.