Candidato dos socialistas proposto para liderança da Comissão Europeia

Frans Timmermans enfrenta uma possível minoria de bloqueio que certamente incluirá vários países do leste da Europa e talvez a Itália.

Frans Timmermans foi o nome proposto pelo presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, para candidato à presidência da Comissão Europeia, segundo avançou a EFE. Até agora, é o potencial candidato mais consensual entre os chefes de Executivo que se reuniram este domingo em Bruxelas. Contudo, enfrenta uma possível minoria de bloqueio que pode impedir a nomeação do candidato da Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas (S&D) – onde se insere o PS de António Costa.

A candidatura de Timmermans à liderança do braço executivo da UE tem apoio de pesos-pesados como o Presidente francês, Emmanuel Macron – da Aliança dos Liberais e Democratas pela Europa (ALDE) – , e a chanceler alemã, Angela Merkel. A todo-poderosa Merkel – cujo partido, o PPE, dominou a arena europeia até recentemente – desistiu do apoio intransigente a Weber, acabando por aceitar Timmermans como candidato de compromisso. 

As concessões de Merkel foram uma resposta à pressão de Macron – o ALDE tem-se aproximado do S&D -, bem como de chefes de Executivo socialistas, como o espanhol Pedro Sánchez ou António Costa, que considera que Timmermans é quem “reúne melhores condições para ser presidente da comissão”. Costa afirmou-se “otimista” quanto à nomeação do seu colega de bancada, mas reconheceu que “nada está fechado enquanto os 28 não falarem”.

Note que Timmermans precisa do apoio de 21 países da UE que tenham entre si mais de 65% da população europeia para ser colocado perante o escrutínio do Parlamento Europeu – onde precisa de ter maioria. 

“Os quatro países de Visegrado não podem apoiar Manfred Weber nem Timmermans”, escreveu no Twitter o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, referindo-se à aliança do seu país e da República Checa, Eslovénia e Polónia. O primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki, negou que o socialista seja uma solução de compromisso, acusando-o de “dividir fortemente a Europa”. Entretanto, o ministro do Interior italiano, Matteo Salvini, apelidou uma possível nomeação de Timmermans como “erro histórico”.

“Não surpreende ninguém que países como a Polónia ou a Hungria, que tiveram um conflito direto com a comissão sobre o respeito pelo Estado de direito, pela independência do poder judicial, tenham maiores dificuldades em apoiar quem, como vice-presidente da comissão, liderou esse processo”, respondeu António Costa à entrada da cimeira. 

Caso Salvini consiga que os seus parceiros de Governo do Movimento 5 Estrelas alinhem com ele e contando com a provável abstenção do Reino Unido – por causa do Brexit -, mesmo que os restantes países europeus aceitem Timmermans, teriam entre si somente 62,77 da população europeia, segundo dados do Conselho. A última cimeira europeia, ocorrida a 20 de junho, acabou de forma inconclusiva e à hora de fecho desta edição não era certo que a deste domingo tenha corrido de modo diferente. “Vai ser uma noite longa”, reconheceu Merkel.