Jogos Europeus. Quinze medalhas e um puxão de orelhas do Governo… à televisão do Estado

Tiago Brandão Rodrigues, ministro com a tutela do desporto, considera que a RTP devia ter comprado os direitos de transmissão da prova

Está encerrada a segunda edição dos Jogos Europeus, uma espécie de antecâmara dos Jogos Olímpicos que se disputarão no próximo ano em Tóquio, Japão, e com boas sensações deixadas pelos atletas lusos em prova. Ao todo, foram 15 as medalhas conquistadas – mais cinco do que na primeira participação, há quatro anos, em Baku, Azerbaijão. Carlos Nascimento (100 metros), Fu Yu (singulares femininos de ténis de mesa) e a seleção nacional de futebol de praia subiram mesmo ao mais alto lugar do pódio, havendo ainda mais seis pratas e outros tantos bronzes.

Ainda antes da prova que encerrou a participação portuguesa na competição (o ciclista Rui Oliveira terminou em quarto lugar na prova de omnium em pista, a 11 pontos do bronze), o primeiro-ministro português, António Costa, recorreu à sua conta na rede social Twitter para elogiar a prestação dos atletas nacionais na Bielorrússia. “Agora que estão a terminar os Jogos Europeus de Minsk, felicito todos os participantes, atletas e equipas técnicas, que representaram Portugal. Parabéns aos medalhados e também a todos os que lutaram por medalhas, mesmo não tendo ganho. São um orgulho para Portugal”, escreveu o chefe máximo do Governo português.

Horas antes, outro membro do Governo havia já endereçado rasgados elogios à comitiva lusa, ao mesmo tempo que deixava um alerta para a televisão… do Estado. Segundo Tiago Brandão Rodrigues, ministro com a tutela do desporto, a RTP deveria ter assegurado os direitos de transmissão do evento ou, no limite, enviado equipas de reportagem a Minsk – uma opinião partilhada também por José Manuel Constantino, presidente do Comité Olímpico de Portugal, e João Paulo Rebelo, secretário de estado do desporto.

“Para a tutela do desporto, era muito importante que estes Jogos pudessem ser acompanhados, porque existiu grande expetativa por parte dos portugueses, um grande acompanhamento, e era muito importante termos aqui todas as possibilidades de difusão e divulgação deste evento”, realçou, completando: “É nosso entendimento que estes Jogos têm qualidade suficiente para serem acompanhados pelo serviço público de televisão. Era importante que a RTP estivesse aqui e, a meu ver, seria até importante que tivessem optado pelos direitos. A RTP tem responsabilidade pública, como nós temos, e temos de acarinhar e de entender a mais-valia da diversidade de modalidades desportivas e desportos que fazem parte do programa olímpico, ou não, e deste certame. É preciso entender onde apostar. A diversidade chama cada vez mais gente a praticar desporto e chama a atenção para que a cultura desportiva esteja cada vez mais alicerçada no nosso país”, insistiu.

 

Acima das previsões iniciais As expetativas para esta participação nem eram as mais altas, também devido ao facto de terem sido retiradas duas modalidades nas quais Portugal conseguira medalhas em 2015 (taekwondo, com ouro de Rui Bragança e bronze de Júlio Ferreira, e triatlo, com prata para Rui Silva), mas o balanço final acaba por ser altamente positivo.

Além dos medalhados com o ouro, destaque para a ginástica acrobática, com Bárbara Sequeira, Francisca Maia e Francisca Sampaio Maia a conquistar três medalhas (prata nas provas de combinado e exercício dinâmico e bronze na de equilíbrio), mas também para a canoagem, onde Fernando Pimenta repetiu as pratas de 2015 em K1 1000 e K1 5000 metros.

O ciclista Nélson Oliveira, na prova de contrarrelógio, e a equipa de judo conseguiram as restantes pratas, com a judoca Telma Monteiro (-57 kg), a estafeta mista dos 4×400 metros, o ginasta Diogo Ganchinho, nos trampolins, a seleção masculina de ténis de mesa no torneio por equipas e a karateca Patrícia Esparteiro, em kata, a arrecadar os outros bronzes.