Os novos embaixadores e as suas marcas de eleição

Quando percebemos que de facto uma das grandes vontades do consumidor é sentir-se exclusivo e único para as marcas, até que ponto é que apostar em caras exclusivas não é um caminho para incrementar este sentimento?

Não é exagero dizer que o anúncio de Cristina Ferreira como nova embaixadora da L’Oréal Paris foi um dos assuntos mais comentados da semana, para quem trabalha nesta área.

Não só pela pompa e circunstância com que foi anunciado, mas também pelo impacto de associar uma das mulheres mais influentes do nosso país – senão a mais – a uma das marcas mais emblemáticas de sempre, juntando-se a uma família de embaixadoras de renome internacional. 

Seguindo o caminho de Cláudia Vieira, a apresentadora inicia agora uma relação de exclusividade e de durabilidade comunicando diferentes produtos e criando uma associação que vai muito além de uma mera campanha.

Este momento ‘tchanan’ fez-me questionar sobre a real relação das celebridades com as marcas. 

Numa época em que os influenciadores são um must have e vemos as mesmas pessoas a falarem de mil marcas e mil projetos, misturando marcas e produtos sem pruridos, o que vale afinal a exclusividade?

É vulgar vermos influenciadores falarem de várias marcas de moda e de cosmética, por exemplo, e se por um lado até pensamos que é mais credível, uma vez que na vida real usamos várias marcas, facilmente caímos na tentação de achar que se vendem a qualquer marca e não sentimos qualquer confiança no que dizem.

É neste contexto que a exclusividade se torna de facto um bem precioso. Muito caro mas único. 

Quando percebemos que de facto uma das grandes vontades do consumidor é sentir-se exclusivo e único para as marcas, até que ponto é que apostar em caras exclusivas não é um caminho para incrementar este sentimento?

Tudo bem que podemos estar a falar de contratos milionários, mas quando são duradouros e criam memórias e momentos entre marca e figura pública o potencial de confiança na comunicação é maior. 

Há caras que de imediato associamos a marcas ( e excluo agora as caras L’Oréal): Cristiano Ronaldo com a Nike, Rita Pereira com a Panténe, Beckham com a Adidas, entre muitos outros.

Conseguimos através desta exclusividade acompanhar a evolução das marcas e também destas figuras, criando maior engagement. Somos testemunhas de uma relação que cresce e que vai contando uma história próxima. 

Exclusividade assume assim quase como sinónimo Poder. 

Só as grandes marcas e só as grandes figuras conseguem agarrar estas parcerias exclusivas e garantir o impacto de um anúncio como o desta semana. Voltando à Cristina num Capitólio cheio de gente, de influenciadores e de meios que acompanham estes momentos como grandes marcos na comunicação.

Poderão todas as marcas estar neste patamar? Sabemos que não e que se calhar nem todas se encaixariam neste modelo. 

Mas sabemos que ter uma aura de exclusividade seja em que momento da nossa estratégia for, seja através do embaixador, do serviço ou da customização é uma mais valia apreciada pelo consumidor e com resultados positivos para as marcas.

Assim, são momentos como o da Cristina para L’Oréal que animam o nosso mercado e que criam desejo pelas marcas e por saber mais sobre o que aí vem. 

Porque também nós merecemos mais. Mais de quem comunica e mais do que nos oferece cada marca. 

*Diretora Criativa Havas Sports & Entertainment