Greve motoristas. Supermercados pedem “compromisso e diálogo”

Distribuição ainda não registou problemas, mas associações do Alentejo alertam para impactos.

Apesar de ter sido anunciada a recusa de serviços mínimos, os camiões continuaram a sair um pouco por todo o país. Um dos setores que poderia ter sido rapidamente afetado seria o da distribuição, mas para já não tem registado qualquer problema. A garantia dada ao i por Gonçalo Lobo Xavier, diretor-geral da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED). “A APED não tem indicação, até ao momento, de perturbações relevantes no funcionamento dos espaços da distribuição em todo o país”, refere o responsável, acrescentando que “o fornecimento de produtos e bens essenciais tem sido assegurado com a colaboração de todas as autoridades e entidades envolvidas neste processo e a estratégia desenvolvida pelos associados tem sido eficaz”.

Ainda assim, o responsável não deixa de mostrar a sua preocupação para os próximos dias, fazendo um apelo ao “compromisso e diálogo” entre todas as partes envolvidas, “dado que a situação poderá alterar-se já nos próximos dias, se a greve se prolongar”.

Recorde-se que o diretor-geral da APED já tinha garantido ao i que os supermercados estavam preparados para os primeiros dias de greve, mas o facto de a greve decorrer por tempo indeterminado ou o não cumprimento dos serviços mínimos sempre foram uma preocupação do setor. “É preciso garantir que estes serviços mínimos se concretizem e é preciso que os motoristas que estiverem destinados ao cumprimento dos serviços mínimos desempenhem as suas funções em segurança e com tranquilidade”, destacou, na semana passada, garantindo ser essa a “questão fundamental” que agora pode estar em risco.

Impactos no Alentejo Também preocupadas com a situação estão as associações empresariais do Alentejo que alertaram ontem para os impactos negativos que a greve pode trazer ao setor da distribuição com o abastecimento de combustíveis “gota a gota” naquela região que corresponde a um terço do país. Filipe Pombeiro, presidente do Núcleo Empresarial da Região de Beja/Associação Empresarial do Baixo Alentejo e Litoral (Nerbe/Aebal), destacou que “as empresas de distribuição têm de fazer muitos quilómetros no Alentejo, devido às grandes distâncias”. Esse serviço poderá ser prejudicado “com o abastecimento de combustíveis gota a gota”, disse à Lusa.

A preocupação chega a outras associações com o responsável do Núcleo Empresarial da Região de Évora (Nere), Rui Espada a alertar que a duração da greve pode mesmo afetar o consumo com a falta de produtos essenciais nos supermercados. Mas para já, como avançou Gonçalo Lobo Xavier ao i, não foram registados problemas nesse aspeto.

A Lusa falou ainda com Jorge Pais, presidente do Núcleo Empresarial da Região de Portalegre (NERPOR) que destaca que a paralisação pode trazer “consequências muitíssimo graves” à economia do país. A opinião é unânime junto dos três responsáveis: é necessário encontrar uma solução com a maior brevidade.