“O Governo não [pode] estar a defender uma empresa que acha que Portugal é uma república das bananas”

Na ótica de Catarina Martins, a companhia irlandesa está a difundir uma “mentira” na medida em que “está a mandar mensagem aos trabalhadores dizendo que a direção-geral de economia lhe deu o direito de chamar toda a gente para vir trabalhar”. 

Os tripulantes da companhia aérea Ryanair estarão, entre 21 e 25 de agosto, a cumprir greve por meio a ver cumpridas as suas reivindicações laborais e salariais. No entanto, o Governo decretou serviços mínimos que estão a gerar indignação entre os membros do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), sendo que esta entidade considera a medida "excessiva". Reunida com o SNPVAC, Catarina Martins, líder do Bloco de Esquerda (BE), sublinhou que o Executivo deve levantar os serviços mínimos decretados e sancionar a transportadora pelo incumprimento da legislação nacional. “A Ryanair não pode ter um estatuto de impunidade. Para se operar em Portugal, cumpre-se a legislação portuguesa. Portugal tem de ser um país sério” explicou a dirigente bloquista em declarações divulgadas pelas variadas estações televisivas.

A coordenadora do BE afirmou igualmente que "o Governo não [pode] estar a defender uma empresa que não cumpre a legislação portuguesa, que acha que Portugal é uma república das bananas e dizer à Ryanair que Portugal é um país que se leva a sério e que respeita quem aqui trabalha" acrescentando também que "o problema não está nos trabalhadores que estão em greve, o problema está na Ryanair". Na ótica de Martins, a companhia irlandesa está a difundir uma "mentira" na medida em que "está a mandar mensagem aos trabalhadores dizendo que a direção-geral de economia lhe deu o direito de chamar toda a gente para vir trabalhar". Por outro lado, para Luciana Passo, presidente do sindicato, não foi mencionada a possibilidade de serem impostas punições à Ryanair: "De sanções, falámos nós. Não falou o governo. [O governo] disse que ia falar para chegar a um entendimento com a Ryanair quanto à necessidade de cumprirem em Portugal a legislação portuguesa” esclareceu a dirigente. 

Recorde-se que os serviços mínimos impostos durante a paralisação foram: um voo diário de ida e volta entre Lisboa e Paris, um voo diário de ida e volta entre Lisboa e Berlim, um voo diário de ida e volta entre Porto e Colónia, um voo diário de ida e volta entre Lisboa e Londres, um voo diário de ida e volta entre Lisboa e Ponta Delgada e um voo de ida e volta entre Lisboa e a ilha Terceira (Lajes) nos dias 21, 23 e 25 de Agosto.