Livrarias independentes lutam para se manter à tona

Para responder à crise do setor, meia centena de livreiros criou uma cooperativa. Pedem medidas urgentes para salvar os seus espaços.

Os sinais vermelhos do confinamento começam a vir de vários setores, entre os quais o dos livros. Na quarta-feira, a GfK publicou um estudo em que indicava que, na semana passada, os livreiros registaram quebras de quase 66%. Ontem, a RELI – Rede de Livrarias Independentes, lançada precisamente para combater os efeitos da pandemia, endereçou uma carta aberta aos órgãos de soberania em que elencava um conjunto de medidas necessárias para salvar o setor.

Os livreiros dividem as medidas em dois estágios de execução: algumas são “emergenciais”, devendo ser imediatamente executadas, e as segundas são consideradas “estruturais”, devendo ser aplicadas após a situação aguda do surto de covid-19. Entre as medidas urgentes, os signatários do documento pedem que os apoios de tesouraria que forem aprovados para o comércio em geral se estendam às livrarias. Esta será uma forma de garantir que “a banca não exclui o pequeno comércio das candidaturas às linhas de financiamento”, lê-se na carta aberta.

A RELI pede ainda que os livreiros independentes sejam também vendedores preferenciais das compras institucionais, aquelas que são feitas para as bibliotecas ou escolas, a título de exemplo, “mesmo em situações de encerramento temporário forçado”. Os livreiros pedem também que o preço não seja tido em conta nestes casos. “Todos sabemos que não é possível exigir dos livreiros descontos que são muitas vezes iguais ou superiores aos que as condições comerciais praticadas pelas grandes editoras nos permitem”, lembram. Para combater esta desigualdade, sugerem que o preço deveria ser o do Preço de Venda ao Público (PVP) dos livros ou fixado num desconto mínimo (máximo de 10%), para que assim possam ter alguma hipótese nas consultas públicas que determinam essas vendas institucionais.

Relativamente ao pagamento das rendas, outra das grandes preocupações elencadas, pedem fundo perdido para reforçar a tesouraria ou o pagamento das rendas – isto em linha com as decisões que forem tomadas para o comércio em geral. Já “em caso de ‘layoff’ ou situação equivalente, os rendimentos mínimos devem contemplar, obrigatoriamente, os sócios-gerentes das micro e pequenas empresas”, consideram, explicando que, muitas vezes, são eles próprios os únicos trabalhadores efetivos dos espaços.

A RELI é composta por meia centena de livrarias independentes espalhadas pelo país. A cooperativa nasceu “para coordenar esforços para enfrentar a crise no mercado livreiro, que vem comprometendo, já há vários anos, a existência de pequenas livrarias em todo o país”, definem os próprios.