A procuradora-geral da República, Lucília Gago, o diretor nacional da Polícia Judiciária (PJ), Luís Neves, e outras figuras do Estado foram ameaçadas e chantageadas por um funcionário da Segurança Social que prometeu divulgar dados pessoais se não recebesse meio milhão de euros em notas.
Segundo avançou a Sábado, o homem montou um esquema para aceder ao sistema da Segurança Social, criou listas com dados pessoais de magistrados, polícias e espiões e pediu 500 mil euros para não revelar a informação. No entanto, uma operação da PJ acabou por deter o funcionário em apenas dois dias. Esteve preso preventivamente, foi acusado pelo MP por um crime de extorsão agravada na forma tentada e de acesso ilegítimo, e, a 30 de março, acabou condenado a uma pena de internamento, por sofrer de problemas psicológicos.
De acordo com a mesma publicação, a chantagem começou no início de junho do ano passado, quando realizava um estágio para seguir a carreira de inspetor superior. Entrou numa sala, sozinho, e com as credenciais de um colega teve acesso aos dados e criou a lista num ficheiro PDF, guardado no ambiente de trabalho do computador. Criou ainda um novo endereço de email e enviou uma mensagem para dezenas de pessoas, incluindo o diretor nacional da PJ e para a procuradora-geral da República. Nessa mensagem exigia então a quantia monetária em notas de 20 e 50 euros. Em causa estavam dados pessoais não só dos destinatários, mas também dos familiares diretos, bem como rendimentos e moradas. No email o funcionário da Segurança Social juntava ainda uma ligação que dava acesso aos dados completos das figuras do Estado que eram o seu alvo.
A UNC3T, unidade da PJ especializada em informática, ficou, na altura, responsável pela investigação, mas pouco conseguiu fazer até ao envio de dois novos emails pelo funcionário da Segurança Social, a 5 de junho. Exigia novamente o pagamento de meio milhão de euros e ameaçava de novo que os dados pessoais iam parar a jornais internacionais. Mas acabou por ser apanhado pela PJ, que através de um desses emails conseguiu localizar onde trabalhava.
Quando perceberam onde se situava o posto de trabalho, os inspetores da PJ não perderam tempo e foram até ao local, mas não o encontraram. Dirigiram-se a sua casa e ficaram à espera. Foi aí que o funcionário da Segurança Social foi apanhado.
Pouco tempo depois, as suas funções foram dadas como terminado pelo presidente do Instituto da Segurança Social, Rui Fiolhais. A partir daí, a forma de acesso aos dados pessoais foi alterada na instituição, como forma de evitar novas situações do género.