Obesidade: problema real que pode piorar

Os pedidos de ajuda aumentam e a crise pode piorar a situação: com menos dinheiro, a tendência é comprar alimentos mais baratos, que são, à partida, mais calóricos. ‘A pandemia pode ser um gatilho para escolhas alimentares piores’, assegura nutricionista.

Estar fechado em casa, seja em teletrabalho ou sem tarefas, pode trazer problemas de peso ou agravar os de quem já os tem. O frigorífico e a despensa estão a um passo de distância e, nas idas ao supermercado, há sempre a tendência para trazer um doce ou um snack. Isso pode trazer problemas futuros.

Quando a pandemia começou, Fernando Póvoas, médico que trata casos de obesidade, não sentiu uma grande procura por parte dos pacientes, «mas com o avançar dos dias e das semanas, a procura voltou ao normal» e voltou até a ser procurado por pacientes antigos «que, com a imobilidade trazida pelo confinamento no domicílio, estavam a ver-se com grandes dificuldades para manter ou controlar o seu peso».

O problema é geral e estende-se a outros profissionais. Isabel do Carmo decidiu suspender as consultas presenciais a partir de 12 de março e os dois dias anteriores foram uma loucura: nenhum paciente faltou e até apareceram vários sem consulta marcada. Teve então o cuidado de ligar a todos os doentes com consulta agendada, algo que vai fazendo com regularidade. «Penso que é dever de um médico comunicar com os doentes que o solicitem para saber como está, se precisa de receitas, se tem dúvidas… Fiz muitos telefonemas», garante a médica. Mas é algo que não lhe custa: «Para mim, é um prazer, porque vejo que sou útil apesar de confinada e que os doentes se sentem bem com isso».

Também Mariana Abecasis, nutricionista, sentiu que, com o passar dos dias, as pessoas com problemas de peso começaram a ficar mais preocupadas. «Comecei a sentir uma crescente preocupação por parte dos pacientes, que perceberam que esta fase, afinal, não é assim tão pontual e que está a ter impacto no peso e hábitos alimentares. Comecei a ter uma série de pedidos de consulta, quer consultas de seguimento, quer consultas de primeira vez».

O aumento de pedidos de ajuda obriga a uma realidade nova para uns, mas já usada por outros: as consultas online. Fazer com que os pacientes não se sentissem abandonados foi uma das principais preocupações de Fernando Póvoas, que começou a fazer consultas por videochamada em meados de março. «Não queríamos que os nossos pacientes se sentissem ‘abandonados’ ou com os tratamentos interrompidos, e a videochamada foi a melhor forma que encontrámos para manter as consultas».

Também Mariana Abecasis, que já fazia consultas online há algum tempo, confessa que a intensidade aumentou. As ajudas mais pedidas estão praticamente todas relacionadas com o mesmo: perder peso.

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