Costa afirma que não haverá retoma da economia sem “relação de confiança”

“Foi  muito fácil fechar, e é muito difícil agora reabrir”, afirmou o primeiro-ministro, durante um discurso onde falou da importância da confiança para a retoma da economia. Para além de ter falado dos pagamentos do layoff e das linhas crédito, Costa pediu ainda exigência aos bancos na hora de dar crédito.

António Costa afirmou esta segunda-feira que é “fundamental” que haja confiança para retomar a atividade económica. O primeiro-ministro considerou, após uma reunião com os parceiros sociais, que “em primeiro lugar” é preciso haver segurança e confiança nos estabelecimentos, nas deslocações, nas formas de trabalho e na forma como é desenvolvida a atividade empresarial.

“Este compromisso global tem que ter, obviamente, declinações diversas para cada setor de atividade”, acrescentou o primeiro-ministro, sublinhando que essas normas já tinham sido definidas há cerca de duas semanas, quando ficou decidida a abertura de alguns espaços comerciais, cabeleireiros, óticas e comércio automóvel.

Após a assinatura de uma declaração em que Governo e parceiros sociais se comprometeram a cumprir um conjunto de regras e orientações sobre locais de trabalho segiuros, o primeiro-ministro falou das limitações e “incómodos” que as regras para a retoma da economia possam trazer, desde os empresários da restauração até aos cabeleireiros. “Todos temos que ser claros. Viver com o vírus, implica viver com muitas limitações”, acrescentou, sublinhando que estas são fundamentais para a tal “confiança” que é precisa ter para começar a voltar aos locais e, consequentemente, para que toda “a cadeira económica se possa restabelecer”. “Se eu não for a nenhum estabelecimento comercial, o comerciante não tem a quem vender”, explicou, acrescentando que se uma relação de confiança não for estabelecida, “nenhum setor da atividade conseguirá retomar a sua atividade, laboração e o rendimento”.

Garantindo que, caso não haja estas retomas, o problema não será apenas de saúde pública, mas também estará relacionado com a subsistência do rendimento das próprias famílias, Costa explica “empresas que não vendem, não geram emprego”. “Por isso nós temos, simultaneamente de conseguirmos restabelecer a confiança do ponto de vista da saúde pública, mas também confiança na manutenção do rendimento”, acrescentou, lembrando que a primeira prioridade definida foi “conter a pandemia sem matar a economia”.

“Até hoje, do conjunto de linhas de crédito que foram definidas, já aprovámos garantias – que é a parte que compete ao Estado – no valor superior a 5 milhões de euros. Começamo-nos a aproximar do limite máximo destas linhas de crédito que aprovámos”, acrescentou.

No que diz respeito ao layoff, o primeiro-ministro sublinhou ainda que foram pagos até ao final de abril todos os pedidos considerados válidos que entraram até ao dia 10 de abril, e não apenas os que entraram até ao final da primeira semana do mesmo mês, como estava estipulado. “Até dia 15 de maio, iremos pagar todos os pedidos válidos entrados até ao final de abril”,  afirmou Costa, explicando que o pedido à Segurança Social foi “um esforço gigantesco”.

Sublinhando que ninguém gostava de burocracias, Costa afirmou-se como “o campeão de todos aqueles que menos gostam de burocracia”. “Eu gosto mesmo do simplex”, afirmou, acrescentando que é muito importante para a retoma que haja “também confiança em qual o destino do dinheiro público e da garantia do dinheiro dos contribuintes”. Costa pediu ainda exigência aos bancos na hora de dar o crédito, já que “o que se trata de viabilizar são empresas que são viáveis, que estão em crise porque foram atingidas por este vírus, e não propriamente alimentar agora empresas que vão custar amanhã dinheiro aos contribuintes”.