Protestos contra ministro francês acusado de violação

Gérald Darmanin, como ministro do Interior francês, passa a ser o superior hierárquico dos investigadores encarregues de verificar se violou ou não Sophie Spatz.

Para muitos franceses, a escolha de Gérald Darmanin como ministro do Interior de França, apesar de ser acusado de violação, em 2009, foi uma chapada na cara. Não faltaram protestos esta terça-feira, um dia após Darmanin tomar posse como parte do novo Governo, nomeado pelo Presidente Emmanuel Macron, no seguimento da demissão do primeiro-ministro francês, Édouard Philippe. 

Há muito que Darmanin era uma figura contestada: foi ministro das Contas Públicas desde 2017, o ano em que vieram à luz do dia alegação de ter violado Sophie Spatz, quando esta lhe pediu ajuda legal, como advogado, em 2009, para que a ajudasse a enfrentar acusações de chantagem. Além disso, o ministro enfrentou a acusação de, posteriormente, quando já era presidente da Câmara de Tourcoing, ter assediado uma funcionária e ter solicitado favores sexuais a outra mulher, entre 2014 e 2017, a troco de acesso a habitação social.

Importa lembrar que o caso de Sophie Spatz, a mais grave acusação enfrentada pelo ministro, foi fechado em 2017, pouco após ser aberto, dado que os investigadores não conseguiram estabelecer "ausência de consentimento" – o próprio Darmanin admitiu que teve sexo com a sua cliente, mas garantiu que foi consentido e que tudo não passa de calúnias. Contudo, o caso voltou a ser reaberto o mês passado, após um tribunal ordenar que os investigadores voltassem ao trabalho. Com a diferença que, desta vez, têm Darmanin como superior, dado ser ministro do Interior.

"Esta nomeação é um choque, não a vou esconder", declarou à Europe1 a advogada de Spatz, Elodie Tuaillon-Hibon. "Perguntamo-nos o que vai acontecer quando o chefe da polícia de França for interrogado por um magistrado quando ainda está em funções".

Aliás, questiona-se Tuaillon-Hibon e muitos outros franceses: a nomeação não é nada bem vista, e particularmente difícil de compreender quando a popularidade de Macron está e queda livre, logo após uma derrota estrondosa do seu partido, o Em Marcha!, nas eleições municipais. No entanto, a escolha de Darmanin pode ser explicada por ser muito próximo de Xavier Bertrand, antigo ministro do Trabalho de Nicolas Sarkozy e uma figura chave da direita tradicional no Norte do país: terá um papel importante se Macron quiser disputar eleitorado com a extrema-direita, encabeçada por Marine Le Pen