O ‘histórico’ do PS António Campos ainda não sabe em quem vai votar nas presidenciais, mas tem «a certeza absoluta» de que não vai dar o seu apoio a Ana Gomes. Campos explica ao SOL que a candidata tem um perfil «muito populista» e «é um bocado justiceira». Para o fundador do PS, a crise por causa da pandemia vai ser «brutal» e o país precisa de alguém com um outro perfil. António Campos considera, porém, que «foi bom Ana Gomes ter aparecido», porque «retira votos» a André Ventura. «Espero que apareçam mais candidatos», afirma.
O PS não tem pressa em formalizar uma posição sobre as presidenciais. A reunião da Comissão Nacional, no dia 24 de outubro, vai discutir o assunto e António Costa deverá dar liberdade de voto aos militantes. Foi o que aconteceu há cinco anos, quando existiam dois candidatos da área socialista: Sampaio da Nóvoa e Maria de Belém.
Fora de questão está apoiar a ex-eurodeputada socialista Ana Gomes. O presidente do PS, Carlos César, já deixou claro que nunca apoiará um «candidato ou candidata distante das pessoas, rude, divisionista».
Ana Gomes espera, porém, receber apoios de mais socialistas a partir do dia 24. A candidata já está a criar a equipa e anunciou esta semana que o ex-ministro Paulo Pedroso irá integrar a «estrutura organizativa». A socialista não ignorou o envolvimento de Pedroso no caso Casa Pia, há mais de 15 anos, e lembrou por ter sido «acusado e preso por razões manifestamente insubsistentes, o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem condenou o Estado Português a indemnizá-lo pelos danos que sofreu».
Livre apoia Ana Gomes para ter ‘uma voz forte’
A candidata destacou que Paulo Pedroso é «um militante da esquerda democrática, que exerceu, com competência e seriedade, os mais variados cargos ao serviço da República. E também um amigo em quem tenho total confiança». Ainda não são conhecidos mais nomes da estrutura da campanha.
O Livre declarou apoio a Ana Gomes depois de consultar os militantes. Mais de 88% dos membros e apoiantes do partido que participaram optaram pela eurodeputada socialista. Apenas 9,8% defenderam, na Assembleia do Livre, que o partido devia apoiar Marisa Matias.
A escolha foi justificada com a necessidade de a esquerda ter «uma voz forte nestas eleições presidenciais». Para o Livre, Ana Gomes «será também uma Presidente decisiva nos combates contra a corrupção e a evasão fiscal. Uma Presidente conhecedora, respeitadora e zeladora da Constituição da República». Rui Tavares já tinha defendido a candidatura de Ana Gomes, por ter a capacidade de unir a esquerda.