Passos trava rumores sobre regresso à política

Ex-primeiro-ministro tinha previsto falar sobre os desafios que o país enfrenta no dia 25 de março, mas cancelou para não alimentar especulações. A última intervenção foi há quase três meses e agitou PSD. 

Passos Coelho não quer alimentar rumores sobre a possibilidade de regressar à política ativa. Poucas horas depois do anúncio de uma intervenção pública sobre o futuro do país, o ex-primeiro-ministro tornou público o cancelamento da iniciativa, para evitar especulações. 

Passos, que tem ouvido apelos para regressar à política ativa, ia dar a sua visão sobre «os problemas e desafios que Portugal enfrenta na atual conjuntura» numa conferência virtual prevista para dia 25 de março, na escola de gestão INSEAD. Mas, de acordo com o Observador, não gostou de ler especulações infundadas sobre o seu regresso à vida política.

A intervenção pública foi anunciada na mesma semana em que um dos mais destacados autarcas do partido defendeu que o país «não pode desperdiçar um homem com as capacidades dele». Carlos Carreiras, em entrevista à Rádio Renascença e ao diário Público, defendeu que Passos Coelho «não é o passado, é o presente».
As declarações de Carreiras, presidente da Câmara de Cascais e ex-vice-presidente do partido, surgem numa altura em que o partido volta a agitar-se por causa das eleições autárquicas. Rui Rio já deu a entender que se os resultados forem maus, deixa a liderança. 

A última aparição de Pedro Passos Coelho foi em meados de dezembro. O ex-primeiro-ministro arrasou a política do Governo socialista num longo discurso numa conferência na Academia das Ciências. Nessa altura, Marques Mendes garantiu que «mais ano, menos ano, vai regressar à vida política». 
As intervenções públicas não têm sido muitas, mas Passos Coelho não abdica de continuar a intervir. Algumas das figuras do passismo também não descartam um eventual regresso, com o argumento de que é um dos poucos que conseguem unir a direita. 

Miguel Morgado, antigo assessor político de Passos, admitiu, numa entrevista ao Nascer do SOL, que «é natural que as pessoas pensem em alguém que já foi o líder de uma federação das direitas com um estilo de liderança muito diferente». 
O ex-deputado do PSD considera mesmo que «no atual panorama político, não há ninguém em Portugal como Pedro Passos Coelho».

Passos Coelho deixou a liderança do partido depois da derrota do PSD nas últimas eleições autárquicas. No discurso de despedida, o ex-primeiro-ministro garantiu que iria continuar a lutar pelos suas ideias e pelo país. «Tenho 53 anos, não desisto das minhas ideias. Expressá-las-ei pelo país sempre que achar importante, mas não vou andar a rondar nem a assombrar coisa nenhuma, não é a minha maneira de estar», afirmou em outubro de 2017, quando anunciou que não se recandidatava à liderança.