O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, discursou, esta quinta-feira, numa cerimónia militar comemorativa do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, na Madeira. O Chefe de Estado começou por elogiar o arquipélago e disse depois que estamos “no fim ou quase no fim de uma pandemia muito dolorosa”.
“Viver este 10 de Junho de 2021 no Funchal, na Madeira, é uma experiência singular. No meio do Atlântico, numa terra feita por tantas e tantos que aqui chegaram, viveram ou vivem desde há 600 anos. Onde tantos aqui regressam em busca do horizonte de vida que lhe faltou onde se fixaram. No fim, ou quase do fim de uma pandemia tão longa e dolorosa, isto é o 10 de Junho de 2021. Isto é o Funchal. Isto é a Madeira. Isto é Portugal”, começou por dizer Marcelo, que lembrou depois que a Madeira é a “terra de onde tantos partiram para novos mundos, espalhados pelos cinco cantos, da Venezuela, à África do Sul”.
O Presidente afirmou depois que “nestes últimos dois anos a pandemia quase tudo suspendeu”, mas assegurou que “não serão as imensidades destes desafios que nos vão desviar do nosso caminho”.
“Não serão as imensidades destes desafios que nos vão desviar do nosso futuro. Se desenganem os profetas da nossa decadência ou da nossa finitude”, sublinhou.
Marcelo defendeu ainda que é “necessário reforçar a nossa estratégia e liderança dos oceanos” e que no período pós-crise não nos limitemos apenas “a remendar o tecido social destruído pela pandemia”, mas que “reconstruamos esse tecido a pensar em 2030 e 2040”.
O chefe de Estado apelou “à convergência para aproveitar recursos, recriar espírito novo de futuro para todos, e não uma chuva de benesses para alguns, que se veja com olhos de interesse coletivo e não com olhos de egoísmos pessoais ou de grupo” e pediu que não se “desperdiçem” os “fundos que nos podem ajudar”, dizendo que devemos fazer com a bazuca aquilo que os portugueses fizeram “com as especiarias, o ouro, a prata ou os fundos comunitários”.
“Este 10 de Junho interpela-nos a não desperdiçarmos o acicate dos fundos que nos podem ajudar, evitando deles fazer, em pequeno e por curtos anos, o que fizemos tantas vezes na nossa história com o ouro, as especiarias, com a prata, mais perto de nós, com alguns dos dinheiros comunitários”, disse.
Numa alusão aos imigrantes, o chefe de Estado afirmou ainda que quer o país a “receber mais”.
“[O 10 de Junho] é apropriado para agradecermos aos nossos irmãos na nacionalidade que por esse globo criam 'portugais'. Para agradecermos a esses outros irmãos de humanidade que nos são tão úteis para o que queremos pronto, mas não pelas nossas mãos aquilo que realizam em Portugal”, considerou, exortando a “não negar aos emigrantes dos outros” o que queremos para os nossos.
Depois de agradecer às Forças Armadas e aos profissionais de saúde, o Presidente terminou o discurso a relembrar que “a vida continua, a vida recomeça, a vida reconstrói-se”.