Portistas preparam debandada geral do CDS-PP

A estratégia está definida: Nuno Melo disputa a liderança com Francisco Rodrigues dos Santos, se perder o Congresso, como é o mais provável, os portistas abandonam o partido.

Portistas preparam debandada geral do CDS-PP

Nuno Melo vai mesmo enfrentar Francisco Rodrigues dos Santos no congresso que a direção centrista deverá convocar o mais depressa possível: para o fim de novembro – apurou o Nascer do SOL. Mas em caso de derrota e confirmando-se a continuidade de  Rodrigues dos Santos – o que é o mais provável, atendendo à atual correlação de forças no aparelho e sabendo-se que, com exceção de Assunção Cristas e do próprio Paulo Portas, nenhum portista saiu vitorioso de um congresso nacional centrista –, os chamados portistas estão preparados para uma debandada geral. A_começar pelo grupo parlamentar, com renúncias aos mandatos, e seguindo-se a desfiliação do partido.

Ao que o Nascer do SOL também apurou, do leque de contestatários de Francisco Rodrigues dos Santos que se preparam para deixar o partido haverá migrações em direção ao PSD e ao Iniciativa Liberal. Adolfo Mesquita Nunes, por exemplo, não obstante não ser deputado, é um dos nomes apontados a rumar aos liberais caso Chicão vença o Congresso. Já quanto a movimentações para a esquerda – pois sendo portistas consideram sempre o PSD à esquerda do CDS – é que a coisa está mais difícil: há vontade para se juntarem às fileiras alaranjadas, mas, contudo, sabendo das boas relações entre Rodrigues dos Santos e Rui Rio e até de um eventual acordo pré-eleitoral entre os dois partidos, o passo pode ser mais difícil.

Por fim, não falta também quem fale ainda na possibilidade de haver uma plataforma liberal – eventualmente embrionada pelo 5.7. ou pelo +Liberdade – que congregue nomes como Adolfo Mesquita Nunes, Carlos Guimarães Pinto ou Miguel Morgado em forma de ‘bloco de direita’, ora a atuar junto do IL, ora junto do PSD. Isto devido à nuance ideológica que estes representam: ora demasiado liberais socialmente para o CDS de Chicão, ora demasiado liberais economicamente para o PSD de Rio.

 

Congresso no fim  de novembro

Note-se que Francisco Rodrigues dos Santos anunciou, ontem à tarde, que será recandidato ao CDS-PP. Com data do congresso ainda imprecisa, espera-se que, tal como Rui Rio, Rodrigues dos Santos queira aproveitar o momento e agendar o Congresso o mais cedo possível. O mais cedo possível é, contas feitas, o fim do mês de novembro.

Entretanto, Nuno Melo aproveitou o dia de anúncio de recandidatura de Rodrigues dos Santos para tecer críticas a esta direção pela forma como analisou os resultados das autárquicas: «Fazer de conta que os factos não são os que os números revelam, não só não resolve os nossos problemas estratégicos estruturais, como evita que os superemos com coragem».

Melo, sabe o Nascer do SOL, só não seria o rosto da oposição a Rodrigues dos Santos se houvesse outro opositor: ou seja, nunca o deixará ser coroado em congresso sem oposição.

É, contudo, muito pouco provável que vença. Isto porque, para além de Chicão ter corrido o aparelho de lés a lés nestas autárquicas e, assim, naturalmente, tê-lo envernizado, o grupo parlamentar – e a ala que este representa – sofreu esta semana uma pesada derrota: a recusa de Sebastião Bugalho em tomar um lugar no hemiciclo de S. Bento.

 No início desta semana, Sebastião Bugalho era anunciado como o novo mais-jovem-membro da Assembleia da República. Entraria na casa da democracia em substituição de Ana Rita Bessa, deputada centrista que saíra denunciando a  má relação da direção com o grupo parlamentar:  «O relacionamento com o grupo parlamentar é, no mínimo, fortuito. Não há trabalho consistente. Não há reuniões, o ambiente é desconexo», dizia ao Expresso a ex-deputada. Após o anúncio da saída de Ana Rita Bessa, na segunda-feira à noite, dá-se, na tarde de terça-feira e pela mão de Telmo Correia – líder do grupo parlamentar do CDS –, o anúncio da entrada de Bugalho. Contudo, menos de 48h depois, Bugalho acabaria por anunciar que, afinal, não seria deputado, invocando razões de «circunstâncias políticas [do CDS] e profissionais». Ontem, finalmente, o novelo centrista parece ter parado de se desenrolar: Miguel Arrobas será o novo deputado do CDS-PP.