Chumbo do OE 2022

O BE está numa situação mais grave: talvez Catarina Martins queira fazer o papel populista de ataque e de simples reivindicação, sem se ater às realidades. 

Ninguém esperava que este OE fosse aprovado por outros partidos que não os de esquerda (sobretudo PCP e BE, porque damos de barato que os designados Verdes só fazem o que o PCP diz), e os seus próprios autores (Governo do PS) o tinham afirmado. Embora agora apareçam a dizer que não são necessárias eleições (vejam-se Jerónimo de Sousa e Catarina Martins em Belém, armados em que não percebem o essencial das coisas), o PR explicou a todos, com meridiana clareza, que sim seriam, se o OE fosse chumbado. E toda a gente, menos eles, o parece entenderem assim.

Claro que o PCP e o BE terão feito os seus cálculos, para deixarem o seu eleitorado sem o Orçamento mais à esquerda que nós conhecemos, e que eles votaram. Não me parece que possam simplesmente ter sucesso com o seu regresso a partidos populistas de pura reivindicação, longe de quererem comprometer-se com as realidades do Executivo, e zelarem melhor pelos seus apoiantes.

Acredito que a actual Direcção do PCP não quisesse estar contra o sentir das suas bases, e prefira caminhar assim para o seu final (embora ainda tenha alguma influência local e sindical – não hesitando a líder da CGTP em colar-se ao PCP, contra as eleições agora, mas sem criticar o chumbo do OE2022), como de resto aconteceu com os partidos homólogos de quase todo o mundo. E não hesitou por isso em prejudicar os seus trabalhadores.

O BE está numa situação mais grave: talvez Catarina Martins queira fazer o papel populista de ataque e de simples reivindicação, sem se ater às realidades. Papel em que parece sentir-se muito confortável. Por exemplo, certos aumentos salariais, que sejam imediatamente comidos pela inflação, não interessarão a ninguém, nem beneficiarão ninguém, por mais que pareça. E Francisco Louçã deve sabê-lo melhor do que outros.

De qualquer maneira, acho ter o BE optado pela irrelevância, e por não interessar mais a eleitores. Talvez por isso Catarina Martins nos tenha já habituado a sucessivos desaires eleitorais.

Mesmo que não o entendam logo à primeira. São agora desnecessários, e não querem contribuir para puxar o PS mais para a esquerda.