O Facebook agora é Meta

Este rebranding do Facebook não muda nada. Não muda a utilização da rede, não muda a visão da mesma, não traz novas features ou benefícios no imediato para os utilizadores. 

Por Ana Roma Torres, Diretora Criativa Havas Sports & Entertainment

Que os rebranding estavam na moda, já suspeitávamos. 

E quando o rebranding vai além da marca e pretende de alguma forma reajustar perceções, mudar posicionamento ou até reabilitar imagem, o seu eco é ainda maior. 

As questões com o Facebook não são de agora e abrangem temas tão latos e importantes como a privacidade dos seus utilizadores, o abuso do poder, as denúncias de quem por lá andou, a pouca clareza na distribuição e segmentação de conteúdos, audiências no congresso para explicar a partilha de dados privados e outras questões que assolam os seus utilizadores e o mundo em geral. 

A verdade é que o poder desta rede social é inegável e, apesar de assistirmos em Portugal ao abandono desta rede por parte de vários portugueses, continua a ser a primeira rede no nosso país, no que diz respeito ao número de utilizadores.

Segundo o último estudo ‘Os Portugueses e as Redes Sociais’ (Marktest), o Facebook é também a rede com maior notoriedade, mostrando bem que seja porque falam bem ou mal, esta rede social, mantém a sua posição no nosso mercado. E em muitos outros mercados também. 

No meio de todo este contexto, Mark Zuckerberg revela então o novo nome da rede: Meta. 

Uma mudança a que muitos chamam de um ‘PR stunt’ para combater tudo o que falei acima e que por isso muitos questionam se terá o impacto positivo que a empresa precisa.

A alusão a uma realidade paralela e a um meta universo pretende levar as pessoas para um futuro mais promissor, um termo que não é ainda mainstream, mas que pelo desenvolvimento da tecnologia e de tudo o que diz respeito a VR e mundos virtuais, se poderá tornar cada vez mais comum nos próximos tempos. E é aqui que o Facebook se quer antecipar e apropriar-se desse território. Um território que ainda assim está longe de ser adotado pelas massas. 

Uma tentativa de se tornarem ainda mais cool, menos tóxicos e mais apelativos para uma nova geração que querem em toda a linha entrar neste meta universo. 

O problema é que no imediato este rebranding não muda nada. Não muda a utilização da rede, não muda a visão da mesma, não traz novas features ou benefícios no imediato para os utilizadores. 

O próprio universo das apps que usamos Facebook/Insta/Whats App mantém-se inalterado, deixando este mundo de ‘second life’ distante e difícil de concretizar. 

É este o trilho que Zuckerberg e a sua equipa terão que trilhar, calando os críticos e acrescentando de facto valor e novidade ao utilizador. Um caminho que apresenta muitos desafios e obstáculos e que em vez de trazer uma lufada de ar fresco à marca, traz uma nova missão. Uma missão ambiciosa e que veremos se será tão vencedora como a marca precisa. 

É certo que toda a gente falou de ‘Meta’ e as piadas, memes e Buzz à volta desta grande notícia não se fizeram tardar, comprovando que tudo o que diz respeito ao Facebook é notícia na hora. 

Até porque polémicas à parte, o propósito maior da rede continua bem atual. 

Com uma evolução pela frente que se promete animada e que terá que, mais uma vez, dar resposta aos tempos que vivemos. Sejam eles mais ou menos reais, mais ou menos meta.