Candidatos a líder do PSD formalizaram candidaturas

De manhã, a sede foi a casa dos rioístas; à tarde, dos rangelistas. Tudo oficialmente a postos para sábado.

As candidaturas de Rui Rio e de Paulo Rangel à liderança do PSD foram ontem formalizadas. A primeira foi entregue por Salvador Malheiro – diretor de campanha de Rio – e a segunda pelo próprio candidato. A primeira apresenta uma moção intitulada “Governar Portugal” e a segunda “Portugal: Ambição e Esperança”. Ambas foram apresentadas na sede nacional do partido – a primeira de manhã, a segunda à tarde.

Rio esteve ausente por se encontrar na Madeira, conforme explicou Salvador Malheiro (acrescentando que lá estava por ter sido uma região não visitada durante a campanha autárquica). Esteve, por isso, este último, incumbido de formalizar a candidatura de Rio – cuja moção conta com cerca de 1700 subscrições e a campanha rondará os 31 mil euros (menos 9 mil euros do que nas últimas internas). Declarando-se “muito confiantes” na “aceitação junto dos militantes de base” – porque “são muitos os que em Rio se revêm” e que o “acham preparado para ser primeiro-ministro” –, Malheiro aproveitou para reiterar as linhas mestras da moção de estratégia global de Rio: “Governar Portugal ao centro, nunca fechando as portas às forças políticas democráticas e fechando-as à extrema-esquerda”. Notou, ainda, esta moção ser uma “continuidade” face à anterior, à época aprovada por Paulo Rangel.

Acompanhado pelo coordenador da moção de estratégia global, David Justino, e pela última cabeça de lista por Lisboa, Filipa Roseta, Malheiro aproveitou para voltar a falar nas listas, reforçando ser a “Comissão Política Nacional que as trata” mas salvaguardando que o “bom senso há-de prevalecer”. E quando questionado sobre o afatsamento de Morais Sarmento – vice-presidente do partido que se afirmou neutral nestas diretas –, atirou: “Nada me diz que não possa votar Rui Rio”.

Mobilidade social e combate à corrupção Finda a manhã, às 16h00 foi a vez de Paulo Rangel formalizar a sua candidatura e dirigir-se aos jornalistas. Após ter entregado 2600 assinaturas, iniciou a sua intervenção – na qual expôs as linhas gerais da sua moção de estratégia. Partindo de “um diagnóstico muito negativo sobre a governação socialista”, Rangel começa por notar que o “país estagnou” e que os serviços públicos – como a “educação e a saúde” – estão em queda (fez, até, referência à recente notícia das demissões de ontem no Santa Maria). Explica que pretende, “no fundo”, criar “uma nova esperança”, sendo que em cada capítulo do texto consta uma “ambição” para governar o país – as tais duas linhas mestras que dão nome à moção: “Portugal: Ambição e Esperança”. Traça, então, o diagnóstico ao Portugal de Costa (que “não faz reformas”, comungando com as críticas de Rio): um país que está a “empobrecer”, que está “anestesiado” e que “caiu no ranking da qualidade de democracia” – “Costa e a sua governação caíram”, remata.

E a que se propõe Rangel para alterar essa paradigma de “ausência de reformas”? A várias coisas. Entre elas, a destacar, a criação de “uma agência anticorrupção especializada e com poderes de investigação” que, surgindo, procurará mostrar que “Portugal tem de ser implacável na fiscalização”. “Para combater a pobreza”, propõe-se fomentar o “aumento de salários”, “baixar o IRC”, “encontrar soluções para o IRS” e “baixar a opressão fiscal”. Depois, toca na necessidade da “desburocratização”, da “digitalização” e da “formação profissional”. Esta última viria a servir de gatilho para a abertura do tema ‘educação’, referindo-se-lhe por dois diferentes ângulos: preocupação com aqueles que, “saindo do ensino obrigatório ou superior”, não têm formações adequadas “ao mercado de trabalho” e, por outro lado, reclamando maior exigência na maneira como os alunos são avaliados (“estamos em declínio. Cedemos ao facilitismo”). Por fim, uma das suas principais bandeiras: a “mobilidade social”. Neste sentido, Rangel promete a cobertura “integral, universal e gratuita” do ensino pré-escola entre os três e os seis anos. Porquê? Porque, explica, estas idades são essenciais para o desenvolvimento cognitivo dos seres humanos e há “muitas crianças de classes socioculturalmente desfavorecidas que não têm acesso ao ensino pré-escolar”. “Isto é uma prioridade”, conclui.

Finda a intervenção – de cerca de 20 minutos –, Rangel passou a palavra a Miguel Poiares Maduro, coordenador do texto. O antigo ministro frisou que Rangel é “a pessoa certa para oferecer a esperança a que os portugueses têm direito”.

De notar ainda que, no final do dia de ontem, Nuno Miguel Henriques anunciou a desistência da corrida ao PSD “a bem do partido e do país”.