Rio com margem para fazer as listas

Concelhias e distritais ‘rangelistas’ que avançam com afronta ao líder estão isoladas pelo novos donos do aparelho. Montenegro recusou convite e Rio aposta em sinal de união em Lisboa.

Rio com margem para fazer as listas

Terça-feira, 7 de dezembro: é esta a data em que o PSD aprovará as suas listas de candidatos às legislativas do próximo dia 30 de janeiro. Nesse dia, à tarde, a Comissão Política Nacional (CPN) de Rui Rio fechará as listas para deputados e, à noite, apresentá-las-á ao Conselho Nacional (CN) para que este dê o seu aval. Para a remota hipótese de o CN rejeitar as listas propostas pela CPN, haverá outro no dia 10 de dezembro. O objetivo é entregar as listas no Tribunal Constitucional a 15 de dezembro.

Ao que o Nascer do SOL apurou, Rio, castigando aqueles que não acataram o pedido de «decoro» feito por Salvador Malheiro, isolará alguns focos de oposição interna que ainda persistem. 

A distrital de Lisboa, por exemplo, não apresentou o nome de Miguel Pinto Luz como prioritário para as listas de candidatos – que seria bem acolhido por Rio apesar de ter sido um dos mais destacados apoiantes de Paulo Rangel – e optou por indicar os nomes de três rangelistas: Rodrigo Gonçalves (Lisboa); Sandra Pereira (Odivelas) e Carlos Silva (Amadora). Nem um apoiante de Rio, o que foi considerado «uma clara provocação». É, por isso, provável que Rio, perante o cenário, exerça o seu direito de veto e imponha nomes alternativos, como o de Ricardo Baptista Leite. 

Outros nomes com veto de Rio praticamente garantido são os de Cristóvão Norte (Faro), Pedro Alves (Viseu) ou Alberto Machado (Porto). Todos eles rangelistas que se enquadram na definição dos que ‘espetaram a faca’ nas costas de Rio nestas diretas.

Ainda em relação a Miguel Pinto Luz, o Nascer do SOL tentou saber junto do próprio se admite integrar as listas de candidatos caso Rui Rio lhe dirija um convite nesse sentido, mas o vice-presidente da Câmara de Cascais rejeitou falar sobre o assunto. 

Líder quer Lisboa como sinal de união

A guerra de trincheiras com os nomes para as listas de candidatos a deputados nas listas começou logo no dia seguinte à reeleição de Rio como líder do partido.

Rio nomeou Paulo Mota Pinto, Salvador Malheiro, José Silvano e Francisco Figueira como responsáveis pela coordenação do processo de elaboração das listas. Tendo reservado para si próprio a escolha de todos os cabeças de lista (tal como, aliás, defendera antes da disputa eleitoral).

Segundo o Nascer do SOL apurou, o líder já tinha definido os cabeças de lista na segunda-feira, incluindo a ‘surpresa’ de Luís Montenegro para Aveiro. Acontece que o ex-líder da bancada parlamentar (no tempo de Passos) e seu adevrsário na corrida à liderança do partido há dois anos, declinou o convite.

Agora, Rui Rio, que será candidato pelo Porto, reserva o sinal de união para o número um em Lisboa. Onde, curiosamente, a comissão política deverá vetar os nomes propostos pelas estruturas locais.

Processo fechado durante o fim de semana

As reuniões preparatórias dos coordenadores com as estruturas locais decorreram desde a manhã de quarta-feira, apesar de ser feriado, e na quinta-feira. E o processo preparatório para apresentar as listas à Comissão Política Nacional deverá estar concluído entre hoje e amanhã.

Segundo fonte próxima da direção do PSD, há critério para a composição das listas, que, garante, «irão incluir rangelistas». 

De forma sucinta e não blindada, o critério é: se for uma distrital que apoiou Rio (mesmo que lá Rio tenha perdido as diretas), esse presidente pode integrar as listas – caso de Beja. Contudo, se for uma distrital ganha por Rio com um presidente rangelista – caso do Porto –, o presidente dessa estrutura poderá ‘pôr a viola ao saco’: «Nem devia pedir para ir na lista», desabafa a mesma fonte.

Um dos critérios que também presidirá à indicação de candidatos é a de que os eleitos para a presidência de Câmara nas eleições autárquicas de setembro passado não deverão concorrer ao lugar de deputados.

A mesma fonte declarou ao Nascer do SOL que, apesar de não se sujeitar a todas as propostas das estruturas locais, Rui Rio não defende nem quer qualquer «purga».

Até porque a mobilização de todos os militantes e a imagem de união do partido é fundamental para o objectivo prioritário de Rui Rio: ganhar as eleições a 30 de janeiro de 2022.