Costa aposta nos seis “ases” do PS para núcleo político do Governo

Da ala mais ‘à esquerda’ aos ‘moderados’, apesar de a arquitetura do Governo ainda não estar fechada, o núcleo duro do Governo socialista, composto por seis nomes, está praticamente definido.

Contados os votos dos círculos da Europa e Fora da Europa – com toda a polémica que a contagem envolveu – está cada vez mais perto a data do anúncio da estrutura governamental que acompanhará António Costa no XXIII Governo Constitucional. 23 de fevereiro é a data avançada por Marcelo Rebelo de Sousa para dar posse a esse Gabinete de ministros e António Costa já anunciou que só fará os convites nos dias mais próximos dessa data.

Ainda assim, e mesmo sendo o próprio António Costa a garantir que a ‘arquitetura’ do próximo Governo não está ainda fechada, a verdade é que foi também o líder socialista quem anunciou que o próximo Executivo ‘tipo task force’, será bem mais compacto do que o atual e muito mais próximo do  terreno do que estiveram os governantes em fim de mandato. 

A aposta do chefe do Governo será, portanto, em  ministros que possam funcionar ao estilo de ‘superministros’, ágeis e capazes de resolver questões relativas a diferentes pastas. Ou seja, mais políticos.

O Nascer do SOL apurou que o Governo socialista, que está ainda em fase de preparação uma vezes que a sua arquitetura não está ainda totalmente fechada, terá um núcleo duro com peso político no PS, de hoje e do futuro. 

Assim, António Costa apostará em lançar os ‘ases’ do partido, nenhum deles com mais de 50 anos, e prontos para assumir as mais altas responsabilidades naquele que será o legado de António Costa, tanto no partido como no país.

Por isso, António Costa contará a seu lado com Mariana Vieira da Silva (que deverá manter-se na Presidência do Conselho de Ministros) , manterá como ministro Pedro Nuno Santos (embora este deva transitar das Infraestruturas para a Economia, que Siza Vieira deixa para se dedicar aos Negócios Estrangeiros, enquanto Augusto Santos Silva deverá ver recompensada a sua dedicação e lealdade com a passagem para cadeira que pertenceu a Ferro Rodrigues na presidência da Assembleia da República), promoverá o seu diretor de campanha, Duarte Cordeiro, de secretário de Estado a ministro (provavelmente entregando-lhe a pasta do Ambiente) e chamará também para o Governo, Fernando Medina (a quem deverá caber a pesada pasta das Finanças) e a até aqui líder da bancada socialista, Ana Catarina Mendes (que poderá ficar com a responsabilidade pela Segurança Social, Trabalho e Solidariedade), sendo que também o secretário-geral adjunto José Luís Carneiro deverá ver reconhecido o trabalho prestado (e os bons resultados eleitorais) com a nomeação para ministro (devendo caber-lhe o desafio de assumir a tutela da Administração Interna). 

Desta forma, Costa reunirá no seu Executivo de maioria absoluta os principais ‘trunfos’ do PS da atual e da próxima geração. Colocando-os também em pé de igualdade e reequilibrando as várias fações ou tendências do partido – da ala mais moderada (representada por Medina) à mais esquerdista (liderada por Pedro Nuno Santos).

Não que Costa esteja muito preocupado com a sua sucessão no partido, mas principalmente porque, conforme o Nascer do SOL noticiou na edição anterior, o seu principal objetivo é focar-se em tirar Portugal da cauda da Europa e impulsionar definitivamente um crescimento económico que coloque o país na rota da convergência. E essa missão passa por envolver todo o partido e os seus principais ativos.

Por isso, a área da Economia, que é basilar, poderá passar para as mãos de Pedro Nuno Santos, que terá de articular-se na perfeição com o próximo ministro das Finanças, que tem de igualmente voltar a ter peso político e não ser um mero técnico como João Leão. Daí que o nome mais provável para Costa tirar da cartola seja o do seu sucessor na Câmara de Lisboa, Fernando Medina, que assim também regressa à política ativa pela porta grande.

É sobretudo a estes dois ministros, Pedro Nuno Santos e Fernando Medina, que caberá a missão de distribuir e executar os fundos do PRR (a ‘bazuka’) e o programa Portugal 20/30.

Duarte promovido, Galamba de fora

Mas os outros ‘ases’ socialistas, a começar por Ana Catarina Mendes, mas passando pelos igualmente promovidos Duarte Cordeiro e José Luís Carneiro, não deixarão de ocupar lugar de relevo no funcionamento do Governo em modo de ‘task force’, no qual Costa não abdica de poder contar com Mariana Vieira da Silva.

Ainda quanto aos atuais ministros, é quase certo que António Costa não deixará de compensar Marta Temido pela extrema dedicação e pelo sucesso de uma longa batalha contra a pandemia, devendo por isso reconduzi-la na pasta da Saúde, podendo também confirmar-se a continuidade no Executivo (embora com novas responsabilidades) de Alexandra Leitão e Ana Mendes Godinho.

Mais improvável é a continuidade de João Pedro Matos Fernandes (embora nos bastidores do partido se aventasse a hipótese de poder assumir as Infraestruturas) – sendo que o seu sempre polémico secretário de Estado João Galamba já começou a despedir-se daqueles que o acompanhavam – e certas são as saídas, a pedido das próprias, de Francisca Van Dunem (ministra da Justiça) ou de Graça Fonseca (da Cultura).

Para além, claro, de Augusto Santos Silva, cuja indicação para o lugar deixado vago por Ferro Rodrigues é aplaudida por unanimidade entre as hostes socialistas, saindo prejudicada a alternativa, Edite Estrela, até uma das vice-presidentes do Parlamento por indicação da bancada do PS.