Austeridade e inflação. As críticas ao Orçamento

Em uníssono, os partidos da esquerda à direita apontaram falhas à proposta de Orçamento do Estado para 2022.

Sem avançar qual será o sentido de voto do PSD na proposta orçamental do Governo para 2022,  Jorge Paulo Oliveira criticou o documento, afirmando que «não responde a uma necessidade do país, que é o fenómeno da inflação». O «aumento muito considerável dos preços» não acompanha o «aumento expectável dos salários», atirou o social-democrata, repetindo as palavras proferidas por Paulo Mota Pinto: «Este orçamento traduz-se numa austeridade encapotada».

Já André Ventura, líder do Chega, classificou o Orçamento como sendo «preocupante», bem como um exemplo do «nível de alheamento em que se encontra o Governo». «Vem aí a austeridade pela mão do PS», augurou, mostrando-se preocupado com «uma perda de rendimentos por parte das famílias».

Ventura afirma tratar-se do mesmo documento que foi, em outubro, chumbado. «O Orçamento mostra a obsessão do Governo em engrossar a máquina do Estado e em retirar rendimentos às famílias. A maior parte vai para Estado e clientelas políticas e uma pequena parte vai para a devolução de rendimentos para a família», disse.

Já João Cotrim Figueiredo, líder do Iniciativa Liberal, acusou a proposta orçamental de ser «igualzinha ao de outubro», sem saber «onde foram os cortes» do Executivo. «Votámos contra o de outubro, o mais provável é que venhamos a votar contra este», avançou. Mas as críticas não vieram só da direita. Mariana Mortágua, do BE, atirou: «O Governo não pode mais repetir a ideia que apresenta um Orçamento sem cortes. A inflação foi revista para 4%.Todas as pessoas que pagam IRS vão ser penalizadas, o Governo nem os escalões do IRS atualizou à taxa de inflação.» Para o  PCP o OE «continua a recusar o conjunto de soluções pelas quais o PCP se bateu». «Uma proposta que já era desajustada há cinco meses e mais desajustada é hoje, tendo em conta a degradação da situação nacional e internacional», continuou.

Rui Tavares, deputado do Livre, apresentou três medidas que quer ver cumpridas para votar a favor da proposta do Governo: o Programa 3C do partido (Casa, Conforto e Clima), a criação de um apoio no âmbito dos transportes com o objetivo de criar uma rede de transporte escolar elétrico e a reativação da unidade de missão para a transição energética. Inês Sousa Real, deputada única do PAN, acusou o Governo de ser «pouco ambicioso», avançando que o partido irá apresentar alterações ao documento, pedindo um «reforço significativo no combate à pobreza energética, bem como na revisão dos escalões de IRS». «No entender do PAN, deveríamos estar também a atingir a classe média» e «aliviar as famílias e fazer chegar a quem mais precisa».