Putin é um “louco malvado com um exército, armas nucleares e membro de segurança da ONU”, diz Navalny

“Se alguém destrói a imprensa independente, organiza assassinatos políticos e se dá a delírios imperialistas, então é um louco capaz de causar um banho de sangue”, afirmou o principal opositor do Kremlin, que está detido, depois de ter sobrevivido ao envenenamento com uma arma química de fabrico russo. 

O rosto da oposição ao regime russo Alexei Navalny chamou ao Presidente da Rússia, Vladimir Putin, “louco malvado”, lembrando também que Putin tem nas suas mãos armas nucleares e ainda o direito de veto na ONU.

"Os líderes mundiais falaram hipocritamente durante anos sobre o pragmatismo e as vantagens do comércio internacional. Assim, posicionaram-se para beneficiar do petróleo e gás russos, enquanto o domínio de Putin se foi tornando cada vez maior", lamentou Alexei Navalny num artigo publicado, esta segunda-feira, na revista norte-americana Time.

"A questão com que nos deparamos é: como deter um louco malvado com um exército, armas nucleares e um membro do Conselho de Segurança da ONU?", questionou o opositor. "Esta [questão] ainda não foi respondida. E somos nós que o devemos fazer", acrescentou.

Para Navalny – que está a cumprir uma pena de nove anos de prisão -, o líder russo "lembrou-nos mais que uma vez que o caminho que começa com 'um pouco de fraude eleitoral' conduz sempre a uma ditadura", notou, ao dizer que são “as ditaduras” que “conduzem sempre a guerras. É uma lição que não deveríamos ter esquecido".

"Se alguém destrói a imprensa independente, organiza assassinatos políticos e se dá a delírios imperialistas, então é um louco capaz de causar um banho de sangue", afirmou.

Quanto às medidas tomadas na sequência da guerra na Ucrânia, Alexei Navalny afirmou que "entre as sanções, a ajuda militar e económica, esta guerra custará centenas de vezes mais que todos os contratos lucrativos cuja assinatura costumava ser regada com champanhe".

"Não o deveriam ter acolhido de braços abertos em fóruns internacionais. Neste momento, Putin está a ensinar a lição de como desfazer os ganhos económicos que um país tem feito durante 20 anos", criticou o político russo, apontando o dedo às sanções ocidentais devido à invasão militar.

"Putin recordou-nos a todos do teste do pato: se algo se parece com um pato, nada como um pato e grasna como um pato, então provavelmente ele é um pato", argumentou.

Navalny é uma das vozes mais críticas do Kremlin e está a cumprir, desde fevereiro de 2021, uma pena de prisão de dois anos e meio por outro caso de alegada fraude em 2014.

Em 2020, passou vários meses em tratamento na Alemanha depois de sobreviver ao envenenamento por um agente secreto, com uma arma química de fabrico russo (Novichok), pelo qual Navalny atribuiu a culpa a Putin.

Regressou à Rússia em janeiro de 2022, após vários meses de convalescença na Alemanha. Em apenas duas semanas foi preso, encarcerado e condenado a dois anos e meio de prisão, uma ação imputada pelo Kremlin que tem sido constantemente criticada pelo Ocidente, exigindo a sua libertação desde então.