Só foi executado 0,2% do PRR nas últimas seis semanas, alerta Fórum para a Competitividade

Dos 1639 milhões já pagos, apenas 499 milhões destinaram-se a beneficiários diretos e finais, ou seja, 3% do total.

Nas últimas seis semanas só foram executados 0,2% do total da verba do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), no valor de 39 milhões de euros. O alerta é dado pelo Fórum para a Competitividade ao garantir que representa “um sinal muito preocupante de quase paralisação da execução do PRR”, disse na sua nota de conjuntura de maio.

A estrutura liderada por Ferraz da Costa destaca a informação prestada pela Estrutura de Missão “Recuperar Portugal”, que acompanha a execução do PRR, onde está assinalado que já foram assinados 100% do valor em contratos dos três segmentos: resiliência, transição climática e transição digital. Mas chama a atenção para o facto de só terem sido ainda realizados pagamentos de 1639 milhões de euros (9,8% do total), dos quais apenas 499 milhões a beneficiários diretos e finais (3% do total, mas 93,6% pagos a entidades do setor público), “enquanto os restantes 1111 milhões ainda estão em trânsito em beneficiários intermediários”. 

Estas críticas surgem dias depois de ter sido revelado que Pedro Dominguinhos tinha sido nomeado para presidente da Comissão Nacional de Acompanhamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), sucedendo a António Costa Silva após designação do primeiro-ministro.

Desaceleração O Fórum para a Competitividade destaca ainda o crescimento no primeiro trimestre do ano com a economia a acelerar de 1,7% para 2,6%, tendo o Produto Interno Bruto (PIB) trimestral ficado “finalmente acima do valor anterior à pandemia”, em 1,2%. Já as exportações subiram de 41,4% para 42% do PIB, “mas ainda insuficientes para recuperar a quota de 43,2% verificada em 2019”.

No entanto, admite que para este segundo trimestre as notícias não serão animadoras. “Espera-se uma desaceleração da economia, devido ao enquadramento internacional, à normalização da atividade e à subida das Euribor”.

E em relação às taxas de juro não deixa margem para dúvidas: “A continuada subida das taxas Euribor deve conduzir a uma subida significativa das prestações de crédito das famílias, devendo constituir-se num travão significativo ao consumo privado. A decisão recente do Banco de Portugal de limitar os prazos admissíveis no crédito à habitação reduz aquela que era uma forma possível de amortecimento da subida das taxas de juro”.

Uma dor de cabeça aliada a outras dificuldades, como as que se assiste na construção e à quase paralisação na execução do PRR que “também são elementos de desaceleração a considerar, que impedem grande otimismo para os próximos trimestres”. 

E recordou as novas previsões da Comissão Europeia que são mais pessimistas, onde já estão incluídos os efeitos da guerra e “que estão a exacerbar os riscos que já existiam: as novas pressões nos preços das matérias primas, as renovadas disrupções na logística e cadeias de valor global, o aumento da incerteza e a contenção das condições financeiras forçaram a uma revisão em baixa das perspetivas de crescimento, enquanto a inflação se espera agora mais elevada, mais difundida e mais persistente”.