10 de junho, entre Braga, Londres e Andorra

Celebra-se nesta sexta-feira o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Mas as festas já começaram e vão além-fronteiras. Costa ausente por motivos de saúde.

Chegou o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. O dia em que a ‘Portugalidade’ se celebra e se debate um pouco por todo o mundo. Quem estará ausente das comemorações, que se espraiam por vários países, é António Costa. O primeiro-ministro, informou o seu gabinete, está doente, pelo que não poderá acompanhar Marcelo Rebelo de Sousa. 

A pandemia da covid-19 limitou as celebrações, mas 2022 é ano de regressos: festivais de Verão, Santos Populares e, agora, as celebrações do 10 de junho mais normais, excetuando a ausência do PM.

Por cá, Braga foi a cidade escolhida para acolher a cerimónia solene que celebra, nesta sexta-feira, o Dia de Portugal, e as comemorações já começaram na  segunda-feira, com direito a exposições de meios e atividades do Estado-Maior-General das Forças Armadas, da Marinha, do Exército e das Força Aérea, que podem ser visitadas na Avenida Central e início da Avenida da Liberdade da cidade a Norte do país.

Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República, já deu o tiro de partida nas celebrações em Braga, ontem, onde passou o dia de apresentação em apresentação, de reunião em reunião. Para o fim, estava previsto um espetáculo de fogo de artifício para fechar o dia em grande.

As comemorações começaram de manhã e, após o içar da bandeira nacional na Praça do Município, o Presidente da República e chefe de Estado e Comandante Supremo das Forças Armadas aproveitou o dia para realçar a importância das Forças Armadas, defendendo que o 10 de Junho é também o seu dia.  É importante, defendeu Marcelo, que os portugueses conheçam «o que são as Forças Armadas ao vivo», e, questionado sobre a associação do 10 de Junho às Forças Armadas, comentou: «Não sei porquê, não se tem falado muito nisso».

Hoje, no entanto, é que se realiza o ponto máximo destas celebrações: a cerimónia Militar que irá ocorrer na Avenida da Liberdade, e que vai contar com a presença de um efetivo total de 2054 militares, onde Marcelo Rebelo de Sousa e Jorge Miranda, este ano convidado para organizar o dia solene, vão discursar. Em fevereiro, o pai da Constituição antecipou que as diferenças entre o patriotismo e o nacional populismo e a poesia lírica de Camões eram temas sobre os quais tencionava falar.

 

Celebrações além-fronteiras

Este ano, tal como tinha sido habitual antes da pandemia da covid-19, as celebrações do Dia de Portugal vão extravasar as fronteiras nacionais, de forma a estar mais próximas das comunidades portuguesas que estão espalhadas pelo mundo. Londres será o palco, no dia 11, da interação de Marcelo Rebelo de Sousa com a comunidade de portugueses que vive na capital inglesa, em visitas a locais como a Anglo-Portuguese School of London, ao Royal Brompton & Harefield Hospital e ao Imperial College. Mas será ‘visita de Médico’. É que no dia 12 as celebrações continuam, mas em Andorra, onde o Presidente da República estará reunido com a comunidade portuguesa residente nesse país.

É um estilo de ‘recuperação’ relativamente aos últimos dois anos, limitados pelas restrições impostas no combate à pandemia da covid-19. Em 2020, Marcelo Rebelo de Sousa acabou por cancelar as comemorações do Dia de Portugal, que deveriam ter acontecido na Madeira e na África do Sul, optando por assinalar a data com uma «cerimónia simbólica» no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, onde estiveram presentes apenas os dois oradores e seis convidados. Já em 2021, as celebrações do Dia de Portugal decorreram na Madeira, com um programa intenso, ao longo três dias.

Mas como o Dia de Portugal não é exclusivamente celebrado pelo PR e pelas figuras do Estado, mas sim por todos os portugueses, também Rui Rio, ainda presidente do PSD, vai marcar o dia com várias celebrações, nomeadamente no estrangeiro. Rio, que está a poucas semanas de abandonar a liderança do Partido Social-Democrata, vai assinalar o Dia de Portugal junto das comunidades portuguesas residentes na África do Sul e em Moçambique. Será uma deslocação de seis dias, que iniciou na quinta-feira, e se prolonga até 14 de junho. Esta não é, no entanto, uma novidade para Rio, que, em 2018, assinalou o 10 de Junho na Guiné Bissau e, em 2019, no Brasil, «tendo sido obrigado, em 2020, a adiar a visita a Moçambique devido à pandemia», conforme o partido revela em comunicado.

O líder do PSD tinha previsto,  na quinta-feira, iniciar a viagem com um encontro com as comunidades portuguesas no Consulado Geral de Portugal em Joanesburgo, seguindo-se, hoje, Dia de Portugal, um almoço com o embaixador português em Pretória, bem como um jantar com a comunidade portuguesa dessa cidade.

Depois, Rio viajará até Moçambique, onde, no sábado, visitará o Hospital Central da Beira e terá um encontro com a Associação Comercial desta região.

 

Guitarras nos Jerónimos

Ainda que longe do mundo das figuras de Estado, o Dia de Portugal será também celebrado em Lisboa, no Mosteiro dos Jerónimos, onde duas guitarras do músico Carlos Paredes vão voltar a maravilhar os públicos, pelas mãos de  António José Moreira e Ricardo Dias, num concerto com a direção artística de Ivan Dias.

As duas guitarras, que pertenceram a Carlos Paredes e ao seu pai, Artur Paredes (1899-1980), foram construídas por João Pedro Grácio Júnior, em 1966, e foram deixadas em testamento ao Mosteiro pelo compositor da Canção Verdes Anos, que Amália Rodrigues disse, uma vez, ser «um monumento nacional com o Mosteiro dos Jerónimos».