Balão de oxigénio para época baixa

Responsáveis da hotelaria e restauração admitem que estes quatro dias acabam por prolongar a época alta durante a primeira semana de novembro. Procura dispara e preços também.

Prolongar a época alta. É desta forma que a restauração, hotelaria e alojamento local encaram eventos como a Web Summit. Tal como tem acontecido em edições anteriores, este ano a procura disparou nesta primeira semana de novembro e os preços também.

Numa ronda feita pelo Nascer do SOL, um quarto clássico no centro de Lisboa que há umas semanas custava entre 180 e 200 euros, agora está nos 300 euros. Mas os valores podem ser bem superiores consoante a escolha e a localização pretendidas.

Também o setor do alojamento local não fica alheia a esta tendência. E se há empresas que falam em aumentos de preços de 80% e de apartamentos a ultrapassar os 500 euros por noite, Eduardo Miranda, presidente da Associação do Alojamento Local em Portugal (ALEP) é mais contido, referindo subidas entre os 15 e os 20% face à média que é cobrada.

«Isso é ótimo, porque estamos a conseguir que os preços de outubro se mantenham até ao final da primeira semana de novembro. Com o fim da Web Summit arranca a época baixa até ao Natal», diz ao nosso jornal.

O responsável revela ainda que as taxas de ocupação rondam os 90%: «A boa ocupação começou no fim de semana antes do evento e termina na sexta-feira, a partir de sábado começa a diminuir».

Quanto a valores, garante que tudo depende das tipologias e das zonas da cidade. «É possível que um T1 à porta da Web Summit tenha uma valorização acima de um imóvel com a mesma tipologia, situado em outra zona da cidade, mas o que vimos, em geral, em Lisboa é que neste período mantém-se os preços de outubro e os que estão mais perto da Expo andam com valorizações na ordem dos 15%, 20% em relação a outubro. Acaba por ser uma semana com bastante procura e que se alastra para outras partes da cidade». E garante que sem o alojamento local seria impossível realizar um evento desta dimensão, já que esta atividade representa metade das dormidas em Lisboa.

Eduardo Miranda diz ainda que a maior procura verifica-se em relação aos apartamentos maiores. «É comum ficarem no mesmo apartamento duas a quatro pessoas da mesma empresa, do mesmo grupo. Isso acaba por representar uma comodidade porque trabalham juntos. Neste caso a oferta tem de se traduzir em bons apartamentos, apartamentos maiores com internet em alta velocidade. Logo os mais pequenos não sentem tanto esse efeito de procura», refere o presidente da ALEP.

Já para Daniel Serra, presidente da PRO.VAR, «atendendo ao número de pessoas que chegam a Portugal é positivo».

Defende que «é uma forma de equilibrar a quebra que já se começa a sentir» e lembra que eventos como a Web Summit são sempre importantes para o turismo.

«É um evento que, acima de tudo, representa uma forma de atenuar as quebras, tendo em conta que o setor de restauração enfrenta uma situação de incerteza em relação ao futuro porque em termos de resultados líquidos poderão não ser aqueles que muitos esperam, em função da subida dos custos não só das matérias-primas mas também dos recursos humanos que têm subido bastante». 

E não hesita: «Tudo o que pode ajudar o setor é ótimo e este evento vem adiar esta tendência de decréscimo acentuado do consumo que já estamos a sentir, nomeadamente na zona de Lisboa».