Campanha “Bullying? NUNCA 2022”: vamos ajudar a combater este flagelo?

Campanha lançada pela ativista Francisca de Magalhães Barros lembra que relativamente ao ano letivo 2020/2021, as situações de ‘bullying’ em contexto escolar aumentaram 37%, mais 783 casos.

"Devido ao aumento de casos em contexto de bullying escolar decidi criar a campanha 'Bullying? NUNCA 2022' para alertar a sociedade para o grave problema que estamos a enfrentar nas nossas escolas", começou por escrever na sua conta oficial de Instagram a ativista dos direitos humanos Francisca de Magalhães Barros e reforça, agora, esta ideia em declarações ao Nascer do SOL. "Dois mil oitocentos e quarenta e sete. Este é o número de ocorrências criminais registadas pela Polícia de Segurança Pública (PSP) em contexto escolar no ano letivo de 2021/2022", frisa a também cronista e pintora. 

"Este é um número que não pode deixar ninguém indiferente e enquanto sociedade devemos agir e sensibilizar, tal como prevenir e dizer que o bullying NUNCA será solução! Enquanto ativista dos direitos humanos não podia ficar apenas a assistir! Nem todos os intervenientes desta campanha!", exclama, referindo-se a figuras públicas como Joana Alegre, Margarida Vila-Nova, Diogo Calado, Luís Maia – jornalista da SIC que dá cara e voz ao vídeo promocional da campanha -, Luís Marvão, Sónia Tavares, Ana Bacalhau, Erica Cardoso, Melânia Gomes, Ricardo Monteiro, José Leonel Ramalho, Rita Ramalho, Sara Barradas, Miguel Raposo, Sofia Aparício, Ivo Canelas, Joana Machado Madeira, Bernardo Mendonça e Marco Rodrigues.

"Obrigada a todos os que em tão pouco tempo rapidamente aderiram a esta campanha. Juntem-se a nós e digam NUNCA!", pede Francisca, lembrando alguns dos casos que denunciou juntamente com o Nascer do SOL e o i. A título de exemplo, o de Luís Santiago que, em novembro de 2021, teve de ser hospitalizado depois de ter sofrido agressões no Agrupamento de Escolas Madeira Torres, em Torres Vedras. Então com 12 anos, ficou internado no Hospital de Santa Maria e a mãe, Marta Veloso, relatou a sua história quando nem sequer se podia levantar da cama para ir à casa de banho.

Isto porque ficara com um enfisema subcutâneo, uma acumulação de gases ou ar nos tecidos subcutâneos, produzindo protuberâncias, como nódulos móveis que geram sons crepitantes. "Tenho várias pessoas a dizer 'Muda-o de escola', mas nós moramos ao pé da mesma. É como na violência doméstica: porque é que as mulheres é que saem de casa?", lamentava a mãe, sendo que dias depois Ana (nome fictício), de 10 anos, era agredida na Escola Básica e Secundária de Gama Barros, no Cacém.

A menina frequentava o 5.º ano de escolaridade, tinha consultas de Neuropsiquiatria e Psicologia e tentava lutar contra as dificuldades de aprendizagem. Sofrendo de Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA) tinha, segundo a mãe, Joana Rodrigues, "uma péssima autoestima, muita dificuldade em ser socialmente aceite no sentido em que faz tudo para agradar aos outros", sendo "muito boazinha, um amor de miúda, só que, lá está, gozam com ela, dizem que é burra porque não acerta nas coisas, etc." "A minha filha não pode chegar assim a casa e ninguém fazer nada. Eu sei que, naquela escola, há um menino que foi para o hospital por ter sido agredido. Ele saiu de lá de ambulância. Isto está a ganhar proporções drásticas", desabafava a mãe da criança.

No âmbito do Dia Mundial do Combate ao Bullying, a PSP avançou que no último ano letivo registou 2.847 ocorrências criminais de situações de ‘bullying’ em contexto escolar, sendo que 1.169 foram contabilizadas por agressões e 752 por injúrias e ameaças. Relativamente ao ano letivo 2020/2021, as situações de ‘bullying’ em contexto escolar aumentaram 37%, mais 783 casos, tendo acontecido o mesmo com as agressões (mais 418) e as injúrias e ameaças (208).

Desde 2013/2014, o ano letivo passado foi aquele em que se registaram mais queixas por injúrias e agressões, depois de 2018/2019 (721) e 2015/2016 (665). Sabe-se também que a faixa etária com maior preponderância de vítimas situa-se entre os 12 e os 15 anos e são em maior número rapazes.

Em comunicado, a força de segurança esclareceu que o dia 20 de outubro representa “um alerta internacional para o problema do ‘bullying’ com o qual muitos jovens convivem diariamente e que é suscetível de interferir, de forma negativa e com grande impacto também a longo prazo, no seu crescimento, físico, emocional e psicológico”.