TAP. Governo apela a entendimento para evitar greve de tripulantes

Mariana Vieira da Silva e Pedro Nuno Santos dão cartão vermelho à paralisação. Sindicato diz que “não é algo feito de ânimo leve”. 

Depois de Pedro Nuno Santos foi a vez de Mariana Vieira da Silva dar cartão vermelho à greve convocada pelo Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) que começa esta quinta-feira e termina esta sexta-feira, estando em cima da mesa mais cinco dias de paralisação até 31 de janeiro. “É conhecido de todos os portugueses o contexto em que houve uma intervenção uma intervenção na TAP. A TAP, neste momento, está obrigada a cumprir um acordo com a Comissão Europeia”, disse a ministra da Presidência.

A governante chamou a atenção para o acordo de reestruturação da transportadora aérea nacional assinado com Bruxelas durante a pandemia da covid-19, o que no seu entender, sustentou que “as margens que existem face a esse compromisso, que terá de ser cumprido, não são as margens normais”. E acrescentou: “A expectativa do Governo é que dentro dessas margens possa existir um acordo entre a administração da TAP e os trabalhadores. Todos conhecemos o momento que vivemos e as limitações que existem por força daquilo que se tem de cumprir e que foi necessário assegurar que seriam cumpridas para salvar a empresa”. 

Já na terça-feira, o ministro das Infraestruturas tinha apelado a um entendimento entre o sindicato de tripulantes e a administração da TAP, de forma a evitar os dias de paralisação anunciados e o consequente agravamento da situação económica da empresa. “O apelo que posso fazer é para que a administração, mas também o sindicato faça um esforço de entendimento e que se consiga poupar a TAP a mais cinco dias de greve”, afirmou Pedro Nuno Santos, lembrando que “temos uma empresa que ainda está a recuperar. Está a recuperar ainda mais rápido do que aquilo que estava previsto no plano de reestruturação. É uma empresa que ainda esta em dificuldades. Era muito importante que nós estivéssemos a altura desta grande empreitada que é salvar a TAP e salvar os postos de trabalho da TAP e que houvesse um entendimento e que não houvesse mais greves”.

TAP disponível, sindicato nega 
Perante esta greve, a presidente executiva da TAP manifestou-se disponível para tentar encontrar soluções que evitem mais disrupções. Christine Ourmières-Widener lamentou “profundamente” a decisão do SNPVAC e garantiu que a empresa “está disponível” para se reunir com o sindicato. “Esperamos encontrar soluções”, sublinhou a CEO, lembrando que a última proposta apresentada pela TAP ia ao encontro de nove das 14 exigências do sindicato e representava, no seu conjunto, um ganho de oito milhões de euros para os tripulantes.

Argumentos que não convencem a estrutura sindical. Em entrevista ao i, o presidente do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil afirmou que “a greve não é algo que vamos fazer de ânimo leve. É quando entendemos que o diálogo já terminou”, lembrando que estiveram mais de seis meses à espera de uma resposta por parte da companhia de aviação.

O sindicato acusa a empresa de desrespeitar o estipulado no Acordo de Empresa, nomeadamente no que diz respeito ao aumento das cargas de trabalho e de períodos de serviço de voo (PSV) penalizantes em número de horas de trabalho. E lamentam que o corte de 25% dos salários ainda não tenha sido reposto, quando a atividade da TAP já está a ultrapassar a de 2019.  O sindicato diz ainda que a empresa deixou de pagar a ajuda de custo complementar extraordinária,  referindo que os tripulantes foram os primeiros a apoiar a TAP no acordo de emergência no âmbito da pandemia.