Não foi apenas Jesus que morreu no Ocidente; Marx também morreu. Como observa Onésimo Teotónio Almeida, depois do cristianismo, o marxismo foi a doutrina que mais moldou o Ocidente, e a obsessão contemporânea com a igualdade difusa é, em larga medida, sua herdeira secularizada.
A Europa trocou a força pela culpa, a soberania pela dependência, a produção pela regulamentação, a cultura pela vergonha. E nenhum povo sobrevive quando deixa de acreditar na legitimidade da sua própria civilização
Portugal precisa de uma revolução moral e económica: substituir o Estado gastador por um Estado responsável. O país não precisa de mais despesa, mas de mais verdade, rigor e coragem política.
Os algoritmos mostram-nos sobretudo o que confirma as nossas crenças, criando câmaras de eco onde cada grupo reforça as próprias convicções e demoniza o opositor. Discordar deixa de ser diferença de opinião e passa a ser ameaça identitária.
Talvez o neorreacionarismo não seja ainda o futuro, mas é já um ensaio sobre os contornos possíveis do pós-liberalismo, por vezes desvinculado de uma matriz conservadora capaz de o orientar.
O grande desafio consiste em perceber se a liberdade absoluta não será, afinal, quase tão insana como a ausência de liberdade. Onde fundamentar, então, essa liberdade, característica essencial do ser humano?
Neste cenário, a pergunta fundamental impõe-se: será possível defender dignidade humana, comunidade, limites morais e liberdade pessoal numa ordem económica fundada na dissolução, na fluidez permanente, na vigilância, na dependência e na transparência total?
O grande desafio do nosso tempo é compreender essas novas forças não como retrocessos nostálgicos, mas como tentativas de reconstrução de sentido e de ordem em meio às ruínas de uma utopia falida.
Mahmood procurou legitimar o radicalismo islâmico apresentando-o como algo de potencialmente benéfico até para as teorias feministas. Haverá loucura maior?
O antissionismo, envolto em linguagem progressista e apelos humanitários, surge como nova máscara de antigas formas de antissemitismo. Sob o pretexto da justiça social, ressurgem temas de perseguição e culpabilização do povo judeu, agora adaptados ao discurso político contemporâneo.
Quanto mais meios de comunicação temos, menos comunicação autêntica existe; quanto mais próximos parecem os políticos, mais distantes se tornam da realidade comum. A política, reduzida a espetáculo, perdeu o silêncio, a gravidade e a responsabilidade que outrora a sustentavam.
Esta é a falência ética da organização: proclamar valores universais enquanto os entrega à tutela de quem os viola sistematicamente
Amanhã, se o Hamas solicitar cooperação cultural ou diplomática, Portugal dirá que não? Onde se traça a linha da cumplicidade?
Movimentos extremistas de direita, por antidemocráticos, devem ser repudiados e ilegalizados. Contudo, quando movimentos de esquerda recorrem a práticas semelhantes, recebem frequentemente um tratamento mediático, político e jurídico distinto. Porquê?
Ao aceitarmos a vigilância em massa como norma, damos um passo irreversível. Sistemas construídos para nos proteger tornam-se estruturas permanentes, difíceis de desmantelar. O que hoje é exceção amanhã será regra.
A polarização não é apenas efeito, mas método deliberado de mobilização. A aposta numa guerra cultural permanente não decorre apenas de estratégia, mas de necessidade: qualquer alternativa não conformista terá de enfrentar a hegemonia progressista, que se apresenta hoje como único bem moralmente indiscutível.
Hoje, a hegemonia cultural da esquerda decide quem pode ser vítima e quem deve ser apagado.
Neste momento, a Europa é relevante sobretudo no plano simbólico. O seu maior ativo continua a ser um mercado de consumo de grande escala, mas a importância política e económica do espaço europeu diminuiu significativamente em relação a outras potências e blocos.
O liberalismo progressista não compreendeu que certos valores como liberdade, identidade, conhecimento e bem comum não são mercadorias negociáveis. Ao tratá-los como instrumentos, sacrificou-os na ilusão de que todos convergiriam inevitavelmente para um modelo universal. O resultado foi duplamente destrutivo.