Há males que vêm por bem. Paradoxalmente, pode acontecer que a malfadada guerra na Ucrânia constitua o choque que leve a Europa a acordar de uma longa letargia e a reerguer-se das cinzas.
Qualquer dia, dizer que um homem é um homem e uma mulher é uma mulher é discurso de ódio – pois está a sugerir-se uma discriminação por questões de sexo. Estamos no reino do absurdo.
Por muito que a economia crescesse – e não vai crescer assim tanto – nunca compensaria o desvario a que estamos a assistir, com o aumento exponencial das despesas e uma redução simultânea das receitas. É esta a rota certa para o descalabro.
Se achei os ataques aos homossexuais lamentáveis, hoje acho este mês do ‘orgulho gay’ inexplicável. Há o Dia da Mãe, o Dia do Pai, o Dia de Portugal, etc. Poderia, no limite, haver o Dia dos Gays. Mas por que carga de água a comunidade gay tem direito, não a um dia, mas a 30?
O mais irónico é que André Ventura até estava a fazer um elogio aos turcos. Quem transformou aquilo numa peixeirada é que deve ser responsabilizado pelo circo em que se transformou a Assembleia da República.
Aplaudo as vitórias de Rúben Amorim no Sporting, como tinha aplaudido as de Jorge Jesus no Benfica. Ambos passaram pelo Belenenses, o clube que o meu avô materno fundou, e isso para mim foi decisivo. Mas tanto um como outro mostraram qualidades raras, que os tornaram admirados mesmo pelos adeptos de outros clubes.
O Governo não tem condições para governar. E se houver eleições, e o PS for o partido mais votado, a situação será semelhante à que se vive hoje – pois o PSD e o Chega farão uma coligação negativa.
A intenção do Manifesto sobre a Justiça, assinado por 50 ‘personalidades’ respeitáveis, é claro: colocar a Justiça na dependência do poder político, em claríssima violação da separação de poderes.
O que mudou tudo em Portugal foi o nascimento e o grande crescimento de um partido chamado Chega. Isto é que alterou substancialmente os dados da política portuguesa. E o sistema vai ter de mudar.
O que diria agora o comentador Marcelo Rebelo de Sousa ao Presidente Marcelo? Fará algum sentido reabrir entre Portugal e as ex-colónias uma ferida que estava cicatrizada?
Comparar o que Portugal era há 50 anos com o que é hoje, para a partir daí mostrar as virtudes do 25 de Abril, só pode resultar de uma de duas coisas: ou estupidez ou desonestidade intelectual.
Em junho de 1974 fui à redação do Diário de Lisboa com um texto para publicar chamado A extrema-esquerda e a Terceira República. Falei com o Fernando Dacosta, jornalista de quem era amigo, ele recebeu-me numa salinha de espera pequena, leu o texto, e disse-me: « Zé António, o ambiente aqui na redação está muito…
No 25 de Abril não esteve envolvida nenhuma figura do calibre de Afonso Costa. Mas quantas esperanças de muita gente que há 50 anos saiu à rua vitoriando a revolução não acabaram em dolorosas deceções?
Vivemos numa época cheia de certezas e de verdades feitas, em que as pessoas pensam pouco, ouvem ‘umas coisas’ e repetem clichés. Muitas feministas que debitam banalidades sobre a ‘felicidade das mulheres’ nunca souberam o que era um trabalho duro fora de casa.
As eleições de 1985 tiveram resultados muito semelhantes às de 10 de Março. E Cavaco Silva cortou a direito, avançou com as medidas que ele achava necessárias, não se preocupou muito com táticas, revelou determinação e coragem. Pouco mais de um ano depois, ganhava com mais de 50%.
A polémica sobre o logótipo tem que ver com a esfera armilar, uma alusão aos Descobrimentos, de que alguma esquerda se envergonha. Mas não são eles, inquestionavelmente, a grande referência dos portugueses a nível planetário?
Com acordos entre o PSD e o PS, todas as reformas ficam comprometidas. A mudança sonhada é adiada sine die. Ora, pergunto: foi nisto que a maioria dos eleitores votou?
Desejaria que um livro sobre o 25 de Abril contado aos mais pequenos corresse tão bem como uma iniciativa em que participei. Mas temo que tal não aconteça. Todas as tentativas que tenho visto nesse sentido são de uma pobreza confrangedora: primárias, enganadoras e maniqueístas.
A confusão criada pelo partido ADN teve uma influência determinante no equilíbrio político. Roubando 3 deputados à AD, pôs a esquerda em maioria no Parlamento – tornando o Governo refém do partido de André Ventura.