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Luís Filipe Borges


  • A impossibilidade de estar feliz quando todos o são

    É quarta-feira, dia 28 de Março, e o Hard Rock Café abarrota de jornalistas para a conferência de imprensa de apresentação do 5 para a Meia-Noite – cuja 6.ª temporada, com a mais longa duração até aqui, seis meses, terá lugar na RTP1. É uma atenção mediática como nunca tivemos. E não consigo estar feliz.


  • Nas coisas novas o amor

    Limpo a carteira. Opto por fazê-lo embora outros se dediquem cada vez mais à mesmíssima tarefa. Está velha, estragada há demasiado tempo, e chega de adiar a decisão.


  • A pontinha de inveja que trai a alegria

    Um grande amigo anunciou-me o seu segundo filho, menos de um ano após a primeira. Mostrei-lhe a minha felicidade pela magnífica notícia e a ajuda providenciada – já sei o que oferecer ao casal na próxima quadra natalícia: um pacote de preservativos.


  • O mito de Mariline Mão-Rói

    Tantos anos passados, a morte de Marylin Monroe continua envolvida em mistério. Aliás, bem como boa parte da vida da malograda estrela. Um desses insondáveis desígnios reside na forma como muitas pessoas insistem em pronunciar o nome da antiga sex symbol: aportuguesando o nome próprio da diva e escavacando-lhe o apelido.


  • Óscar para Melhor Nostalgia

    Não me lembro da última vez que fui ao cinema – penso nisto ao entrar na sala para ver o encantador O Artista. Provavelmente por se tratar de um filme mudo notam-se ainda mais os energúmenos das sessões esgotadas. Dividem-se em três sub-géneros (com ênfase no SUB):


  • O humor nos tempos de cólera

    Uma das funções mais importantes que a comédia pode ter é a de relativizar. Quando, por exemplo, os alvos do humor são políticos, figuras da autoridade ou mi-bi-trilionários, aquilo que simbolicamente se ‘ataca’ são signos de poder.


  • Quem quer ser peter pan?

    O homem vê as notícias sobre a morte de um indivíduo da sua idade. Referem-se a este como ‘um homem de 34 anos’.


  • Amigos meus, má fortuna

    A Inês já teve três filhas, o Miguel tornou-se pai do Pedro há 15 dias, o Tiago vai para Moçambique durante um ano, o Marcos ainda é fura-vidas com sucesso, a Magda e o Luís continuam juntos e a saltitar pela Europa – meia vida depois, o Álvaro tem uma empresa de sucesso.


  • Praga

    Começou por ser um ruído ocasional, sobretudo à noite, mais notado quando o mundo em redor se penitencia envergonhado no silêncio.


  • O ódio ao ódio gratuito

    Primeiro, informe-se dos factos. Depois, pode distorcê-los quanto quiser – Mark Twain.


  • Ao comediante desconhecido

    Rodrigo Marques é brasileiro, tem 23 anos, integra o grupo ‘Ideais de Comédia’, do Recife, e foi um dos finalistas do maior concurso de stand-up comedy da América Latina. Passou por cá de férias, com a mãe e a namorada, descobriu o nosso espectáculo e mandou um e-mail, com link para vídeos seus, a oferecer-se…


  • A tragédia de Robert

    Pergunto ao leitor há quanto tempo um filme, um livro ou um álbum não lhe estremecem as emoções como uma granada?


  • London Calling ou uma cidade com pressa

    Em Oxford Street, espécie de avenida das embaixadas das marcas caras, dezenas de milhares de pessoas acotovelam-se durante as últimas compras natalícias.


  • Os traumas também prescrevem

    O facto do crime de homicídio prescrever em Portugal é daquelas situações horrendas que fazem a voz peixeira cá do íntimo querer exclamar de imediato: ‘Oh pá, só neste país!’.


  • A morte de próspero

    A crise reflecte-se por todo o lado. Este ano até os anúncios natalícios demoraram a chegar, batendo finalmente certo com a quadra ao invés de sermos obrigados a assistir a pais natais na telinha quando ainda estamos com os calções molhados da praia.


  • Monumento ao escritor desconhecido

    Paul Schrader, argumentista de obras como Taxi Driver, Touro Enraivecido ou A Última Tentação de Cristo, queria lançar-se como realizador. Viria aliás a fazer um par de filmes francamente estimáveis, como American Gigolo ou Autofocus.


  • Antologia dos comunicados eruditos

    É opinião, creio, da esmagadora maioria, que os futebolistas não primam pela inteligência. Julgo contudo tratar-se de um equívoco.


  • Uma nova profissão?

    Qualquer pessoa – e são cada vez mais – que navegue pelas redes sociais está habituada a deparar-se com fotos de perfil deste género: a moçoila numa pose de espontaneidade ensaiada, basicamente no único ângulo onde consegue parecer uma fotocópia baça daquilo que gostava de ser, imagem tirada pela própria (aquele clarão no braço esticado…


  • Trintão sem saudade do vintinha

    Tornou-se um cliché, difundido até à náusea em clássicos televisivos como Sexo e a Cidade, dizer que ‘os 30 são os novos 20’ – dogma depois repetido por todos aqueles com dificuldade em aceitar o processo de envelhecimento.