Alimentos consumidos antes de conhecidas análises

Alguns alimentos controlados pela Direcção Geral de Veterinária foram consumidos entre 2009 e 2011 antes de se conhecerem os resultados das análises, mas o responsável por aquela entidade garante que a saúde dos portugueses não esteve em risco.

de acordo com o director-geral de alimentação e veterinária, nuno vieira e brito, o plano criado para verificar a existência de substâncias ilegais em alimentos como a carne, os ovos, o leite ou o mel (o plano nacional de controle de resíduos) teve alguns problemas na rapidez de controlo das análises.

o tempo entre a recolha de amostras de alimentos e a chegada dos resultados deveria ser «o mais curte e célere possível», mas «isso não estava a acontecer», reconheceu o responsável, em declarações à agência lusa.

«nós tínhamos alguns resultados que, às vezes, demoravam um e dois anos», chegando a haver situações em que os alimentos eram consumidos antes de serem conhecidos os resultados.

mas o director-geral garante que esta situação não significa que os produtos eram inseguros, uma vez que existem «outros métodos e planos de controlo» que funcionam em simultâneo.

«o facto de haver um atraso nalguns produtos e nas análises não implica que estejam não seguros, até porque a percentagem de não conformidades é muito reduzida», sublinhou nuno vieira e brito, recordando que no ano passado apenas quatro amostras (num total de 7.800) revelaram a presença de substâncias ilegais.

nuno vieira e brito lembra que, juntamente com aquele plano, a dgav (direcção geral de alimentação e veterinária) leva a cabo outras acções de controlo de segurança alimentar, como os «planos de condicionalidade», que servem para controlar as explorações, verificando quais os medicamentos e doses usadas.

na hora de abater e vender os produtos, há ainda acções na área da inspecção sanitária que controlam matadouros mas também lotas, recordou.

há igualmente planos destinados a identificar e recolher análises dos géneros alimentícios e outros para controlar as condições higiénico-sanitárias dos estabelecimentos.

os planos da área de saúde animal, em que são avaliadas as doenças dos animais, são outros dos exemplos de controlo exercido pela dgav, que conta ainda com o trabalho da asae na área do retalho e restauração.

o responsável garante que estes planos «protegem, asseguram e validam» tudo o que foi consumido e «assegura a qualidade do produto».

no início do ano passado, uma equipa da comissão europeia esteve em portugal para avaliar a aplicação do plano nacional de controle de resíduos entre 2009 e inícios do ano passado.

nas recomendações, que ainda não foram tornadas públicas, é sublinhado o facto de as amostras não estarem a ser analisadas em tempo útil e a falta de certificação dos métodos usados pelos laboratórios nacionais.

enquanto não estão acreditados os métodos do laboratório de referência da dgav, a direcção geral trabalha com laboratórios estrangeiros. nuno vieira e brito garante que «o laboratório de referência está a tentar acreditar os seus métodos».

sobre as recomendações, o diretor geral é claro: «nós vamos cumpri-las e segui-las porque elas fazem todo o sentido».

lusa/sol